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Ingrediente
Maracujá é versátil e pouco calórico
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A
o chegarem ao Brasil,
os colonizadores portugueses e jesuítas conheceram uma árvore
cujas flores impressionavam
tanto por sua beleza quanto por
suas formas e cores. Lembrando uma coroa de espinhos e roxa -cor usada pelos padres na
época da Quaresma-, foi associada à Paixão de Cristo e batizada pelos cristãos europeus de
"flor da paixão". O nome estendeu-se ao fruto e é por isso que,
em inglês ou francês, chama-se
"fruta da paixão".
Para os índios -e para as seguintes gerações de brasileiros- sempre foi "comida de
cuia", em tupi. Isso porque,
quando a fruta é cortada ao
meio, a casca firme, geralmente
de cor amarela ao amadurecer,
serve de "prato" para quem vai
comer sua polpa amarela repleta de sementes escuras, também comestíveis.
Séculos depois, outros europeus redescobriram a fruta. Foi
principalmente por meio de
chefs franceses estabelecidos
no Brasil que o maracujá passou a ser utilizado em vários
pratos doces e salgados. "Eles
começaram a pesquisar combinações entre frutas nativas e
receitas clássicas francesas. E o
maracujá começou a aparecer
em molhos de peixes e carnes,
por exemplo", conta Rafael
Barros, dono da doçaria Opera
Ganache e coordenador acadêmico de gastronomia, panificação e confeitaria da Universidade Anhembi Morumbi.
A fruta também pode ser
transformada em geléia, "chutney", marinada para carnes ou
comida pura, direto na casca.
Nesse caso, costuma ser mais
apreciado o maracujá doce,
uma das mais de 150 espécies
documentadas da fruta. A mais
comum é o maracujá amarelo,
azedo, que representa 95% da
produção da fruta no Brasil.
Fonte de vitaminas C e do
complexo B e de sais minerais
como cálcio e potássio, o maracujá é pouco calórico e muito
rico em fibras, segundo a nutricionista Selva Fierro, proprietária da Kilocal e professora da
Anhembi Morumbi e do Centro Universitário Senac.
O seu famoso poder calmante está relacionado à passiflorina, substância sedativa presente em suas folhas e polpa. Mais
recentemente, foi descoberta
outra propriedade do maracujá. A pectina, fibra solúvel presente em sua casca, torna mais
lenta a absorção de carboidratos pelo organismo, o que pode
ajudar no controle da glicemia. Fierro explica que a casca
é torrada e moída para se
transformar em uma farinha,
que pode ser acrescentada ao
preparo de massas ou diluída
em bebidas. "O consumo diário dessa farinha pode ajudar
quem tem diabetes", diz Fierro. Mas a idéia de que a farinha de maracujá emagrece é
inexata. "Como a fibra melhora o funcionamento do intestino e dificulta a absorção de
carboidratos, pode até ajudar
quem está de dieta, mas não é
a farinha que faz emagrecer",
esclarece a nutricionista.
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