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É proibido fumar
Mariana Mattos fica feliz quando cheira suas mãos. A fumaça do cigarro não domina mais cabelos, roupas e corpo. "É ótimo saber
que estou cheirosa", diz. A afirmação pode parecer banal para não-fumantes, mas é uma vitória para a bancária, 29, fumante
desde os 18 anos. Ela conta que o cigarro teve que ceder espaço para algo mais importante. "Quando vi que poderia perder o
amor da minha vida, não tive dúvida. Parei."
Ela conheceu o relações-públicas Luiz Otávio Paro, 28, há três anos. Aos sete meses de namoro, percebeu que Luiz evitava
apresentá-la à família. Questionado, ele abriu o jogo. O pai havia morrido por causa do tabagismo. Os três maços de cigarros que
ele fumava diariamente por anos causaram doenças pulmonares graves -e mesmo assim não parou.
Tudo isso gerou um trauma para a família de Luiz. "Minha mãe não podia ver cigarro que se lembrava de cada momento que
passou ao lado dele, tentando convencê-lo a parar de fumar", conta. A história comoveu a bancária, que já tinha tentando parar de
fumar anteriormente. "Entendi o quanto isso tinha causado sofrimento para ele e a família", diz.
Era o que faltava para ela largar o cigarro, mas outras dificuldades também pesavam. "Era um desencontro. Não fumava na frente
dele. Ficava sozinha na porta dos lugares. Não podia ir a qualquer restaurante", enumera.
Decisão tomada, passaram-se dois meses até que ela alcançasse o objetivo. "Senti um enorme orgulho de mim quando disse que
ele podia me apresentar à família", diz.
Abandonar o vício foi uma luta. Mariana não teve orientação profissional. Nada de adesivo ou chicletes para amenizar a angústia
que a vontade de fumar causava.
O final de tarde era a pior parte. Acostumada a descer com outros colegas de trabalho fumantes até a porta de entrada do edifício
onde trabalhavam para fumar, ela teve que improvisar. "Trocava o antigo intervalo do cigarro por um lanche, ou ia até a mesa de
algum colega bater papo", conta.
Mariana hoje é mais saudável. Começou a correr no parque Ibirapuera e faz aulas de spinning. "Tudo muda. Sinto melhor o gosto
da comida e estou mais tranqüila", completa.
A vitória gerou frutos. Depois que Mariana parou de fumar, sua mãe e sua melhor amiga seguiram seu exemplo e são ex-fumantes. "Elas perderam a companheira de baforadas", diz Mariana.
COMENTÁRIO DO ESPECIALISTA
Quanto mais cedo a pessoa pára de fumar, mais reduz a chance de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo. Após 20
minutos do último cigarro, já há uma melhora na circulação sangüínea periférica. O risco de cardiopatias cai pela metade em um
ano. Procurar ajuda de especialistas aumenta a chance de largar de vez o tabagismo, já que só 5% das pessoas conseguem abandonar o vício sozinhas.
JÔNATAS REICHERT, presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
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