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Típica do cerrado, baru é rica em ferro
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desconhecido da
maioria dos paulistanos, o baru é um fruto típico do cerrado
que, mesmo em seus Estados
de origem, como Minas Gerais,
Mato Grosso, Goiás e Tocantins, ficou esquecido durante
décadas. Há cerca de cinco
anos, ganhou reconhecimento
ao ser empregado por chefs de
Brasília e de Goiânia em suas
receitas.
Fruto de uma árvore que alcança até 25 metros de altura,
também é chamado de cumbaru ou cumaru. Sua maior riqueza não está na polpa, mas na
castanha dura e elíptica que se
esconde dentro da casca. Com
sabor que remete ao amendoim, produz um óleo que costuma ser utilizado localmente
para aromatizar fumo e combater o reumatismo.
Em Pirenópolis, cidade do
interior de Goiás que, graças a
seu isolamento, conserva uma
culinária típica que utiliza os
mesmos ingredientes há quase
300 anos, a castanha começou
a ser consumida em tempos de
escassez, na época do ciclo do
ouro, mas continua no cardápio
dos moradores até hoje.
A despeito das dificuldades
da colheita extrativista, pequenas empresas de Goiás estão investindo em produtos à base da
noz. A Trem do Cerrado, por
exemplo, produz artesanalmente biscoitos e barras de cereais com a castanha, enquanto
a Nonna Pasqua fabrica molhos
e outros produtos vendidos em
diversos Estados -em São Paulo, podem ser encontrados na
Casa Santa Luzia.
Uma pesquisa realizada em
2005 pela mestranda em nutrição da UnB (Universidade de
Brasília) Alinne Martins Ferreira Marin mostrou que a castanha é rica em minerais como
o ferro, que combate a anemia,
e o zinco, importante para
manter a capacidade de reprodução e o crescimento.
Após analisar lotes do fruto,
Marin verificou que a presença
de ferro em 100 gramas de baru
(Dipteryx alata) é de 4,75 mg,
equivalente a 59% das recomendações diárias de ingestão
para homens adultos (8 mg).
Também se mostrou rico em
zinco, cuja ausência pode levar
ao nanismo, à perda de apetite,
à deficiência do sistema imunológico e à infertilidade.
Por ser um fruto comum no
cerrado, a nutricionista pretende estudar a possibilidade
de utilizar a amêndoa no combate à desnutrição. "Ferro,
zinco e cálcio são os minerais
mais deficientes na dieta da
população, mas ainda preciso
analisar para ver como o organismo absorve esses minerais", afirma.
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