São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006
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Típica do cerrado, baru é rica em ferro

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desconhecido da maioria dos paulistanos, o baru é um fruto típico do cerrado que, mesmo em seus Estados de origem, como Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Tocantins, ficou esquecido durante décadas. Há cerca de cinco anos, ganhou reconhecimento ao ser empregado por chefs de Brasília e de Goiânia em suas receitas.
Fruto de uma árvore que alcança até 25 metros de altura, também é chamado de cumbaru ou cumaru. Sua maior riqueza não está na polpa, mas na castanha dura e elíptica que se esconde dentro da casca. Com sabor que remete ao amendoim, produz um óleo que costuma ser utilizado localmente para aromatizar fumo e combater o reumatismo.
Em Pirenópolis, cidade do interior de Goiás que, graças a seu isolamento, conserva uma culinária típica que utiliza os mesmos ingredientes há quase 300 anos, a castanha começou a ser consumida em tempos de escassez, na época do ciclo do ouro, mas continua no cardápio dos moradores até hoje.
A despeito das dificuldades da colheita extrativista, pequenas empresas de Goiás estão investindo em produtos à base da noz. A Trem do Cerrado, por exemplo, produz artesanalmente biscoitos e barras de cereais com a castanha, enquanto a Nonna Pasqua fabrica molhos e outros produtos vendidos em diversos Estados -em São Paulo, podem ser encontrados na Casa Santa Luzia.
Uma pesquisa realizada em 2005 pela mestranda em nutrição da UnB (Universidade de Brasília) Alinne Martins Ferreira Marin mostrou que a castanha é rica em minerais como o ferro, que combate a anemia, e o zinco, importante para manter a capacidade de reprodução e o crescimento.
Após analisar lotes do fruto, Marin verificou que a presença de ferro em 100 gramas de baru (Dipteryx alata) é de 4,75 mg, equivalente a 59% das recomendações diárias de ingestão para homens adultos (8 mg). Também se mostrou rico em zinco, cuja ausência pode levar ao nanismo, à perda de apetite, à deficiência do sistema imunológico e à infertilidade.
Por ser um fruto comum no cerrado, a nutricionista pretende estudar a possibilidade de utilizar a amêndoa no combate à desnutrição. "Ferro, zinco e cálcio são os minerais mais deficientes na dieta da população, mas ainda preciso analisar para ver como o organismo absorve esses minerais", afirma.


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