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alecrim
Pequi pode ser consumido como farinha, óleo, castanha e até puro
LUANDA NERA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em maio de 2001, o senador Saturnino Braga
(PSB-RJ) retirou-se de uma sessão de trabalho queixando-se de dores na boca. O motivo? Ele havia se machucado quando tentava comer
uma de suas iguarias favoritas: o pequi. Hoje, o fruto
já conseguiu chegar a outras regiões do país não apenas no noticiário mas à mesa. Suas propriedades nutritivas, o forte sabor e o inconfundível aroma têm
feito com que os pratos típicos da região Centro-Oeste, como o arroz ou a galinhada com pequi, sejam redescobertos por chefs mais ao sul do país.
Para quem ainda não conhece, o fruto alcança até
14 centímetros de comprimento por 20 centímetros
de diâmetro, podendo pesar 300 gramas. A polpa
carnosa, com coloração variando entre o branco e o
alaranjado, é seguida por uma densa camada de pequenos espinhos que envolvem de um a quatro caroços. O núcleo do pequi é composto por sementes
de onde se extraem amêndoas comestíveis.
Além do aroma que o transforma em condimento
no preparo de diversos pratos, o pequi -cuja safra é
de janeiro a abril- contém uma grande quantidade
de óleo insaturado, que não faz mal ao organismo
nem provoca aumento no colesterol. É também rico
em vitaminas A, C e E, em sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em carotenóides, que evitam a
formação de radicais livres no corpo e previnem tumores e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. É o que comprovou a experiência realizada
pelo biólogo César Grisólia, da UnB (Universidade
de Brasília).
Não só a grande quantidade de nutrientes faz do
pequi um ingrediente bastante peculiar. Mesmo cozido ou congelado, o fruto preserva suas propriedades nutritivas, ao contrário do que ocorre com a
maioria dos vegetais. "A grande quantidade de óleo
presente no fruto (mais de 60%) ajuda a conservar
as vitaminas e os sais minerais, mesmo depois do
cozimento", afirma o biólogo César Grisólia.
Mas, para quem acha que a palavra "óleo" não pode fazer parte do vocabulário da alimentação saudável, a nutricionista Maria Margareth Veloso Naves,
autora de um livro sobre a culinária goiana e professora da Universidade Federal de Goiás, esclarece:
"Muita gente usa o óleo do pequi para cozinhar alimentos. Seu óleo é muito rico em ácidos graxos insaturados". O único alerta é para quem está preocupado com a balança. "A polpa do pequi é altamente calórica", avisa Semíramis Pedroso de Almeida, bióloga e pesquisadora da Embrapa Cerrado.
É difícil convencer os especialistas a descreverem o
sabor do pequi. "Não há gosto similar", diz a nutricionista Maria Naves. "Ou você ama ou você odeia",
resume o professor Grisólia. Assim, para agradar
aos mais diversos paladares, o fruto vem ganhando
novas versões e começa a ser descoberto pelos chefes de cozinha. Em São Paulo, existe até um restaurante com o nome da fruta, o Restaurante Pequi.
Confira ao lado receita da tradicional galinhada com
pequi (e seu valor nutricional), retirada do livro Culinária Goiana (editora Kelps), de Maria Margareth
Veloso Naves.
Galinhada com pequi
Lailson Duarte/"O Popular"
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Calorias: 430; proteínas: 24 g; carboidratos: 52 g; lipídios: 14 g
Ingredientes (para 10 porções):
- 1 frango cortado em pedaços; 25 caroços de pequi; 3 copos (americano) de arroz; 2 tomates; 2 cebolas; 5 dentes de
alho; 1 colher (café) de açafrão; 4 colheres (sopa) de óleo; 3
colheres (sopa) de cheiro-verde; 7 pimentas-de-bode; 4
colheres (sobremesa) de sal
Como fazer
Tempere o frango com três dentes de alho, sal e pimenta-de-bode. Refogue o frango em três colheres de óleo até
dourar. Reserve. Doure uma cebola e um dente de alho em
óleo. Junte o pequi, sal e um pouco de água e deixe ferver.
Quando o caldo estiver engrossando, adicione água aos
poucos até cozinhar. Reserve o pequi refogado. Na mesma
panela que o pequi foi cozido, refogue uma cebola, um
dente de alho, tomate, açafrão e pimenta-de-bode. Acrescente arroz, frango, pequi, sal e água suficiente para cozinhar. Após o preparo, salpique cheiro-verde.
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