São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Promessas e dívidas

Desde moleque o escritor Wilson, 58, tinha um pezinho no jogo: participava de todo tipo de competição em troca de doces ou refrigerantes.
Por volta dos 15, aprendeu a jogar baralho: em poucos anos, migrou do buraco para o pôquer. Foi nessa época que passou a apostar muito.
"Como trabalhava na empresa da família, tinha um salário bom. Comprei um Landau zero quilômetro com o que ganhei no jogo."
E foi esse mesmo carro que perdeu em uma mesa de pôquer. "Coloquei a chave e os documentos no centro da mesa e perdi", diz.
Wilson voltou a apostar para recuperar o prejuízo. E conseguiu. "Fiz mil promessas a todos os santos dizendo que nunca mais apostaria."
E foi assim durante 40 anos, até que ele teve um problema com o carro e não tinha como pagar. Resolveu arriscar R$ 0,25 em uma máquina de caça-níquel. O dinheiro ganho não só pagou o conserto do carro, como financiou a recaída. A dívida ultrapassou os R$ 200 mil.
Nos oito anos seguintes perdeu carro, casa, se separou da mulher, se afastou dos filhos e dos amigos. "Passava o Natal jogando nas maquininhas de bar. Não ia ao aniversário dos meus filhos."
Wilson só chegou ao ambulatório de jogo patológico do HC depois de tentar suicídio. Começou o tratamento em 2005. "Estou há cinco anos sem jogar, mas sei que não posso dar bobeira", diz.


Texto Anterior: Jogo viciado
Próximo Texto: Fórmula mágica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.