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Fórmula mágica
Margarida, 51, é funcionária do Jóquei Clube de São
Paulo há 25 anos e nunca
imaginou que o trabalho se
tornaria uma doença: ela é
compulsiva por apostas em
cavalos e está em tratamento
médico há quatro anos.
Depois de trabalhar por oito anos como gerente de uma
casa de bingo -e de nunca
ter jogado por achar "coisa
de velho"-, Margarida arrumou emprego no Jóquei.
No ano 2000 ela foi promovida a auxiliar de apostas: tinha contato diário com dinheiro e com apostadores.
"Eu era paga para ensinar
as pessoas a apostar. Achava
que tinha a fórmula mágica
da vitória. Minhas apostas
deixaram de ser esporádicas
e se tornaram compulsivas."
Durante anos, ela teve sorte. Chegou a ganhar R$ 50
mil em um único dia. "Esse
dinheiro evaporou. Eu não tinha limites. Se ganhava,
queria dobrar. Se perdia,
queria jogar para recuperar."
Ela só se deu conta de que
estava viciada quando ligou
para uma amiga, durante a
madrugada, para pedir dinheiro para cobrir o desfalque no caixa do Jóquei. "Peguei dinheiro do caixa para
apostar e perdi", conta.
Margarida ainda está em
tratamento: afastada do trabalho, toma 300 mg de fluoxetina (um antidepressivo)
por dia e faz terapia. Não
pensa em voltar a trabalhar
na mesma função de antes.
"Ainda não estou preparada para voltar a lidar com
apostas. Tenho muito medo
de ter recaída", diz.
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