São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010
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Fórmula mágica

Margarida, 51, é funcionária do Jóquei Clube de São Paulo há 25 anos e nunca imaginou que o trabalho se tornaria uma doença: ela é compulsiva por apostas em cavalos e está em tratamento médico há quatro anos.
Depois de trabalhar por oito anos como gerente de uma casa de bingo -e de nunca ter jogado por achar "coisa de velho"-, Margarida arrumou emprego no Jóquei.
No ano 2000 ela foi promovida a auxiliar de apostas: tinha contato diário com dinheiro e com apostadores.
"Eu era paga para ensinar as pessoas a apostar. Achava que tinha a fórmula mágica da vitória. Minhas apostas deixaram de ser esporádicas e se tornaram compulsivas."
Durante anos, ela teve sorte. Chegou a ganhar R$ 50 mil em um único dia. "Esse dinheiro evaporou. Eu não tinha limites. Se ganhava, queria dobrar. Se perdia, queria jogar para recuperar."
Ela só se deu conta de que estava viciada quando ligou para uma amiga, durante a madrugada, para pedir dinheiro para cobrir o desfalque no caixa do Jóquei. "Peguei dinheiro do caixa para apostar e perdi", conta.
Margarida ainda está em tratamento: afastada do trabalho, toma 300 mg de fluoxetina (um antidepressivo) por dia e faz terapia. Não pensa em voltar a trabalhar na mesma função de antes.
"Ainda não estou preparada para voltar a lidar com apostas. Tenho muito medo de ter recaída", diz.


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