São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002
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História dos pais influi na escolha

GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A morte de um dos pais do adolescente, a imaturidade do jovem ou o fato de os pais serem separados influenciam na escolha da profissão. Essa é a conclusão de uma pesquisa com 1.059 adolescentes de 17 a 20 anos, feita pela psicóloga Rosane Schotgues Levenfus. A pesquisa, que durou cerca de três anos, avaliou alunos que procuraram auxílio de um orientador vocacional.
Os alunos foram divididos em quatro grupos. O primeiro, com filhos de pais separados, mostrou ter grande preocupação com dinheiro, principalmente as mulheres. "Elas tinham o desejo de ter uma profissão que as sustentassem para não depender do marido no futuro", afirma Levenfus. Muitos alunos desse grupo chegaram com a decisão feita e queriam apenas confirmar a escolha. "Depois de terem observado a escolha errada dos pais com relação ao parceiro, preferiram se certificar da escolha da carreira", diz.
O segundo grupo reuniu filhos que haviam perdido um dos pais. A tendência no grupo foi: "Ou eles escolhiam algo de que o parente morto gostaria, ou escolhiam algo associado ao sexo". Se o pai havia morrido, a filha escolhia engenharia, considerada uma profissão masculina. Se a mãe havia morrido, o filho optava por uma carreira mais feminina, como hotelaria. Esse grupo também citou a importância de ter uma indicação (o chamado pistolão) para ingressar no mercado de trabalho. "A perda de um dos pais fez com que eles se sentissem em desvantagem em relação aos outros."
O terceiro grupo incluiu jovens considerados imaturos por serem muito ligados à família. Em geral, a inscrição no programa de orientação vocacional foi feita por um parente, não por decisão própria. "Eles dividiram as profissões em leves e pesadas e julgaram que somente as leves poderiam ser escolhidas, uma vez que se consideravam frágeis demais para certas áreas", diz. Quando escolhiam uma profissão, geralmente era a que algum parente já exercia.
O último grupo não apresentou nenhuma das características acima. Formado por alunos apenas interessados em escolher uma profissão, "foi o grupo mais bem informado", diz Levenfus. Além disso, os demais tinham outros problemas além da escolha da profissão para serem resolvidos.
A pesquisa deu origem ao livro "Orientação Vocacional Ocupacional" (Rosane Levenfus e Dulce Penna Soares, 432 págs. R$ 64, ed. Artmed, tel. 0800-7033444). "É um instrumento para o orientador profissional e mostra que há vários fatores familiares que devem ser considerados para ajudar o aluno a escolher a carreira."


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