São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2000
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BOQUIABERTO

Mesmo se a pressa for grande, é melhor pensar duas vezes antes de aplacar a fome com um cachorro-quente preparado e vendido na rua. Uma tese de mestrado defendida este mês na Faculdade de Saúde Pública da USP comprovou o que o senso comum sempre indicou: a qualidade dos sanduíches comercializados em locais públicos é bastante precária.
O trabalho foi desenvolvido pela nutricionista Alessandra Lucca, e as conclusões basearam-se na análise de 20 pontos-de-venda e nas entrevistas com 35 vendedores e 134 consumidores de cachorro-quente em São Paulo.
O problema começa na higienização de quem prepara e manipula os sanduíches. De acordo com a nutricionista, a frequência com que os vendedores lavam as mãos é baixíssima. Os "estabelecimentos" não ficam atrás: em 30% deles, as condições de higiene foram consideradas péssimas ou regulares. Entre os vários tipos de ponto-de-venda analisados, as peruas Towner adaptadas para o preparo e a venda de sanduíches são as que apresentam os melhores padrões de limpeza e de armazenamento dos alimentos.
É no recheio, porém, que a situação se agrava. As preparações feitas com carne são de alto risco. "Não atingem o critério de temperatura exigido para o reaquecimento, e o tempo de espera é bastante elevado", afirma. O purê de batata -acompanhamento tão comum quanto a mostarda e o ketchup- é outro fator de risco, pois é armazenado em condições que favorecem a multiplicação de bactérias.
Embora a qualidade deixe a desejar, a nutricionista não acredita que a solução seja acabar com esse tipo de comércio. Para ela, a adoção de políticas de regularização e cursos de capacitação dos vendedores, por exemplo, já ajudariam a resolver o problema.


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