São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002
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Aula de educação financeira antes de tirar as fraldas

A partir de dois anos de idade, quando já conseguem dizer "compra, pai", as crianças podem ser educadas financeiramente para lidar melhor com dinheiro no futuro. A tese é defendida pela consultora em educação financeira Cássia D'aquino, uma das pioneiras na área no Brasil.
Cada vez mais pais procuram ensinar seus filhos a lidar com as finanças e, segundo o IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), cerca de 20 escolas no país educam seus alunos financeiramente desde a pré-escola. A partir da quinta série a disciplina é obrigatória. Antes disso, os professores debateram o tema planejamento financeiro de forma lúdica.
"Os pais devem ser claros e dizer para o filho: "Chegou a hora de educá-lo para isso". Aos dois anos, por exemplo, já podem ensinar à criança o que é caro e o que é barato", afirma Cássia.
O administrador de empresas José Caetano Lavorato começou as "aulas" com o filho Dênis pela lista de compras do supermercado, quando o menino tinha quatro anos. "Fazíamos juntos, e eu mostrava que ele poderia comprar esse ou aquele produto, mas que o dinheiro é algo limitado", explica o pai.
De acordo com a psicóloga da PUC-SP Silvana Rabello, a criança, até cerca de sete anos, não tem capacidade cognitiva para fazer cálculos e pensar em finanças. "E os pais não devem esperar que ela dê conta da tarefa", diz. Já para Louis Frankenberg, as crianças não só dão conta do recado como podem ser prejudicadas caso não tenham essa educação. "Receber uma educação financeira desde cedo é a diferença que vai determinar se a pessoa será pobre mais tarde ou se vai ter algo na vida."
Nesse processo educacional, os pais devem começar dando semanada para o filho a partir dos três anos. "Nessa fase, é ruim dar o dinheiro mensalmente, porque a criança não sabe lidar com prazos; aos dez anos, ela pode começar a receber mesada", explica a consultora, que sugere que os pais comprem um grande calendário para os filhos e os ensinem a marcar, diariamente, quanto tempo falta para o dia da mesada.
Seguindo os conselhos da consultora, além de ensinar a poupar, Lavorato pediu para que Dênis traçasse um objetivo, escolhesse um produto para ser adquirido com suas economias. Ele escolheu um brinquedo, claro.
Econômico, o garoto, hoje com oito anos, guarda 100% das semanadas. "Fiz um acordo com o Dênis que, se ele guardasse direitinho o dinheiro, aumentaria a quantia com regularidade. Está dando certo", diz o pai.



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