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Ingrediente
Cacau é benéfico ao cérebro e ao coração
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Hoje é automático:
quando alguém ouve a palavra "cacau",
logo pensa em uma
barra de chocolate doce e cremosa, que derrete na boca. Mas
nem sempre foi assim. No início do século 16, quando os espanhóis desembarcaram na
América, no território ocupado
atualmente pelo México, o cacau em pó era tomado em uma
infusão com água, a qual era
chamada de "tchocoatl".
"O cacau em pó, a semente
processada, tem sabor extremamente amargo. Conhecemos mais o cacau com açúcar, o
chocolate -que geralmente
possui pouca qualidade porque
se acrescentam vários ingredientes para fabricá-lo", afirma
a chef uruguaia Clo Dimet, autora da receita ao lado.
Ela lembra que no Cone Sul
(Brasil, Argentina e Uruguai)
não existe o hábito de utilizar
cacau em pratos salgados, mas
nos países do Caribe, principalmente no México, ele é muito
empregado. "O molho "poblano", por exemplo, é o mais tradicional mexicano e leva um
monte de especiarias, chili e
muito cacau em pó."
Os astecas, que tinham o cacau como alimento essencial
em sua dieta, o valorizavam de
tal maneira, nos planos espiritual e terreno, que adoravam
uma deusa do cacau, Quetzalcoatl, e utilizavam suas sementes como moeda de troca.
O imperador Montezuma difundiu involuntariamente a
crença de que se trata de uma
bebida afrodisíaca, pois tomava-a antes de visitar seu harém.
Por isso mesmo, ao chegar à
conservadora Europa, o cacau
passou a ser misturado com leite para ser "purificado".
Fruto de uma árvore nativa
da região que abarca do sul do
México à bacia amazônica, suas
sementes secas e torradas são
consideradas benéficas à saúde
do coração devido ao seu alto
teor de flavonóides, antioxidantes que reduzem os riscos
de doenças cardiovasculares.
Pesquisas recentes apontam
também que os mesmos componentes podem aumentar o
fluxo de sangue no cérebro e fazê-lo funcionar melhor. A boa
notícia vale somente no caso do
cacau em pó e do chocolate
amargo, fabricado com cacau
puro e sem a adição das gorduras do leite.
O Brasil já foi o maior produtor mundial, mas perdeu a posição há cerca de duas décadas,
quando um fungo chamado
vassoura-de-bruxa devastou as
lavouras do sul da Bahia.
Hoje, a Costa do Marfim é o
principal produtor, e o Brasil
ocupa a quinta colocação do
ranking. O continente africano
responde por 72% da produção
mundial, seguido pela Ásia e
pela Oceania.
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