São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007
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Ingrediente

Cacau é benéfico ao cérebro e ao coração

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Hoje é automático: quando alguém ouve a palavra "cacau", logo pensa em uma barra de chocolate doce e cremosa, que derrete na boca. Mas nem sempre foi assim. No início do século 16, quando os espanhóis desembarcaram na América, no território ocupado atualmente pelo México, o cacau em pó era tomado em uma infusão com água, a qual era chamada de "tchocoatl".
"O cacau em pó, a semente processada, tem sabor extremamente amargo. Conhecemos mais o cacau com açúcar, o chocolate -que geralmente possui pouca qualidade porque se acrescentam vários ingredientes para fabricá-lo", afirma a chef uruguaia Clo Dimet, autora da receita ao lado.
Ela lembra que no Cone Sul (Brasil, Argentina e Uruguai) não existe o hábito de utilizar cacau em pratos salgados, mas nos países do Caribe, principalmente no México, ele é muito empregado. "O molho "poblano", por exemplo, é o mais tradicional mexicano e leva um monte de especiarias, chili e muito cacau em pó."
Os astecas, que tinham o cacau como alimento essencial em sua dieta, o valorizavam de tal maneira, nos planos espiritual e terreno, que adoravam uma deusa do cacau, Quetzalcoatl, e utilizavam suas sementes como moeda de troca.
O imperador Montezuma difundiu involuntariamente a crença de que se trata de uma bebida afrodisíaca, pois tomava-a antes de visitar seu harém. Por isso mesmo, ao chegar à conservadora Europa, o cacau passou a ser misturado com leite para ser "purificado".
Fruto de uma árvore nativa da região que abarca do sul do México à bacia amazônica, suas sementes secas e torradas são consideradas benéficas à saúde do coração devido ao seu alto teor de flavonóides, antioxidantes que reduzem os riscos de doenças cardiovasculares.
Pesquisas recentes apontam também que os mesmos componentes podem aumentar o fluxo de sangue no cérebro e fazê-lo funcionar melhor. A boa notícia vale somente no caso do cacau em pó e do chocolate amargo, fabricado com cacau puro e sem a adição das gorduras do leite.
O Brasil já foi o maior produtor mundial, mas perdeu a posição há cerca de duas décadas, quando um fungo chamado vassoura-de-bruxa devastou as lavouras do sul da Bahia.
Hoje, a Costa do Marfim é o principal produtor, e o Brasil ocupa a quinta colocação do ranking. O continente africano responde por 72% da produção mundial, seguido pela Ásia e pela Oceania.


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