São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002
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Ética do cidadão é parte da política

O sujeito sonega imposto, joga lixo na rua, pára em fila dupla ao buscar o filho na escola e não registra a empregada doméstica. Depois dessas, entre outras ações não menos desrespeitosas às leis ou às regras do bom convívio social, ele quer cobrar ética na política. Esse comportamento incoerente é inviável.
"A ética só existe no convívio social. Se a pessoa não consegue viver em sociedade sendo ética, ela não está em condições de decidir o melhor candidato para a sociedade", diz Mario Sergio Cortella, filósofo e colunista da Folha. Por isso o exercício da reflexão sobre as próprias atitudes é uma disposição recomendada na busca pelo voto ético.
Por outro lado, vale lembrar que comportamentos considerados antiéticos nos políticos estão diariamente sendo realizados pela própria sociedade. "É muita ingenuidade acreditar que os políticos são melhores ou piores que a população brasileira. Acho um mecanismo esquizofrênico não percebermos que a política está ligada à sociedade", diz o cientista político Jairo Nicolau, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. E mais: o político não merece ser o foco de atenção apenas em ano de eleição.
"Os homens públicos começam a se distinguir muito antes dessa época", diz o filósofo Roberto Romano, da Unicamp. "E votar e não acompanhar o candidato não é um comportamento ético. O eleitor deve ficar no pé de quem elegeu. Precisa mandar e-mails para os deputados, ligar, cobrar mesmo", diz Renato Janine Ribeiro, filósofo da USP.


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