São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006
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Mostarda se apresenta em 2.000 espécies

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Utilizada principalmente como tempero na forma de grãos, creme ou pó, a mostarda faz parte da mesma família que o repolho e o agrião. O que parece inusitado faz sentido ao saber que suas folhas também podem ser consumidas em saladas e outras receitas, como charutos recheados.
Um dos condimentos mais antigos do mundo, cujo uso foi registrado por Heródoto no século 5º a.C., a mostarda se apresenta em mais de 2.000 espécies, das quais somente três têm suas sementes empregadas como tempero. Segundo a pesquisadora Maria Lucia Gomensoro, em seu "Pequeno Dicionário de Gastronomia", no início da Era Cristã o ingrediente também era utilizado na fabricação de remédios.
As mostardas negra (Brassica nigra) e branca ou amarela (Sinapis alba) são provenientes da Europa, onde desempenharam historicamente um papel importante na culinária por serem mais baratas e acessíveis do que as especiarias levadas de outros continentes. A marrom (Brassica juncea), por sua vez, é nativa da Ásia e conhecida também como chinesa.
A região de Dijon, na França, foi pioneira no comércio da especiaria em larga escala, em meados do século 14. Atualmente, o país consome três tipos principais de mostarda, todas com textura de creme. A de Dijon, a mais conhecida mundialmente, tem cor amarelo-clara e é preparada com ervas da Provença. A "l'ancienne" é feita com grãos esmagados e tem sabor relativamente suave. Já a marrom de Bordeaux, que leva ervas e açúcar na receita, tem a preferência dos alemães, que a consomem com suas inúmeras variedades de salsichas.
Na Inglaterra, país que desenvolveu sua indústria 200 anos mais tarde, a mostarda pronta é conhecida por ser excessivamente forte. Na Itália, a famosa mostarda de Cremona designa uma conserva de frutas em pedaços, servida com carnes e outros pratos. As sementes, naquele país, são conhecidas por "senape" e aparecem pouco à mesa. Por aqui, a exemplo dos Estados Unidos, a mostarda é colorida artificialmente com açafrão-da-terra.
Na Índia, o uso da planta vai além dos grãos, que costumam ser tostados inteiros para suavizar o sabor picante. "O óleo de mostarda é um dos mais usados na cozinha. Com as sementes, eles fazem "chutney", que fica com um gosto diferente, mais sutil", afirma Carolina Brandão, chef do restaurante Carlota, em São Paulo.


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