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Mostarda se apresenta em 2.000 espécies
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Utilizada principalmente como tempero na forma de grãos,
creme ou pó, a mostarda faz parte da mesma família que o repolho e o agrião. O
que parece inusitado faz sentido ao saber que suas folhas
também podem ser consumidas em saladas e outras receitas, como charutos recheados.
Um dos condimentos mais
antigos do mundo, cujo uso foi
registrado por Heródoto no século 5º a.C., a mostarda se apresenta em mais de 2.000 espécies, das quais somente três
têm suas sementes empregadas
como tempero. Segundo a pesquisadora Maria Lucia Gomensoro, em seu "Pequeno Dicionário de Gastronomia", no início da Era Cristã o ingrediente
também era utilizado na fabricação de remédios.
As mostardas negra (Brassica nigra) e branca ou amarela
(Sinapis alba) são provenientes
da Europa, onde desempenharam historicamente um papel
importante na culinária por serem mais baratas e acessíveis
do que as especiarias levadas
de outros continentes. A marrom (Brassica juncea), por sua
vez, é nativa da Ásia e conhecida também como chinesa.
A região de Dijon, na França,
foi pioneira no comércio da especiaria em larga escala, em
meados do século 14. Atualmente, o país consome três tipos principais de mostarda, todas com textura de creme. A de
Dijon, a mais conhecida mundialmente, tem cor amarelo-clara e é preparada com ervas
da Provença. A "l'ancienne" é
feita com grãos esmagados e
tem sabor relativamente suave.
Já a marrom de Bordeaux, que
leva ervas e açúcar na receita,
tem a preferência dos alemães,
que a consomem com suas inúmeras variedades de salsichas.
Na Inglaterra, país que desenvolveu sua indústria 200
anos mais tarde, a mostarda
pronta é conhecida por ser excessivamente forte. Na Itália, a
famosa mostarda de Cremona
designa uma conserva de frutas
em pedaços, servida com carnes e outros pratos. As sementes, naquele país, são conhecidas por "senape" e aparecem
pouco à mesa. Por aqui, a
exemplo dos Estados Unidos, a
mostarda é colorida artificialmente com açafrão-da-terra.
Na Índia, o uso da planta vai
além dos grãos, que costumam
ser tostados inteiros para suavizar o sabor picante. "O óleo
de mostarda é um dos mais
usados na cozinha. Com as sementes, eles fazem "chutney",
que fica com um gosto diferente, mais sutil", afirma Carolina
Brandão, chef do restaurante
Carlota, em São Paulo.
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