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S.O.S. família
Obediência se aprende com os pais
"Por que os filhos desobedecem tanto aos
pais?"-pergunta-se,
chorando, a personagem da novela
das 20h cuja filha, de mais ou menos 10 anos, acabou de sofrer um
acidente. Corta para um dos capítulos anteriores: a mãe está brava
com a filha por ela ter atravessado,
de bicicleta, um cruzamento que
considera perigoso. "Quantas vezes já disse para você não fazer isso?" -pergunta a mãe à garota, e pede, e implora à filha que não repita o feito. Sim, mas por que as crianças
desobedecem tanto aos pais, afinal? Por que é preciso que os pais digam uma, duas, três, mil vezes a mesma coisa? Por um motivo simples:
o compromisso da criança é com o prazer, com o tempo presente, com
o que tem vontade de fazer. E isso é absolutamente natural. Quando a
criança quer uma coisa, ela procura, de todas as maneiras, conseguir. E
para isso usa todos os recursos que tem. Não basta a mãe ou o pai dizer
que ela não deve fazer determinada coisa ou que ela precisa fazer outra. É preciso mais: além de falar, explicar, é preciso assegurar-se de
que ela cumprirá o determinado. Se os pais apenas falam, e falam, e falam, vão falar mil vezes e, assim mesmo, a criança dificilmente atenderá. Criança não é como o adulto que é capaz de conter um comportamento, um impulso, uma vontade por conta própria. Não, ela ainda
está aprendendo a fazer isso. Ou melhor, ela está em tempo de aprender, caso alguém a ensine. Mas parece que os pais têm tratado as crianças como adultos nessa questão: em vez de conter a criança e ensinar
que ela pode aprender isso, esperam que ela se contenha. Se o exemplo
usado tivesse ocorrido na vida real, o acidente poderia ter sido evitado
se a mãe, em vez de simplesmente pedir à filha que atendesse sua
orientação, a tivesse proibido de sair de bicicleta até que fosse capaz de
evitar aquele caminho, por exemplo. Qualquer outra medida serviria,
desde que garantisse que a filha não se arriscasse. Mesmo já com idade
suficiente para entender a explicação da mãe sobre os riscos daquela
determinada esquina, a filha ainda não tem idade para resistir à tentação de fazer o que tanto gosta. Os pais não podem abandonar o filho à
mercê de si mesmo; isso significa deixar de proteger, deixar de cuidar,
deixar de expressar o amor que têm pelo filho. Isso significa deixar de
ocupar o lugar de pai, de mãe, de quem deve educar.
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