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Autenticidade de obras
é questionada
Quarenta
anos após
turnê à Europa e EUA
para provar legitimidade dos
trabalhos
do acervo,
museu
ainda convive com
dúvidas; guache sobre papel de Juan Miró é comprovadamente falso
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CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação
Há uma obra comprovadamente falsa no Masp. No final
dos anos 70, o catalão Joan Miró mandou para o museu uma
carta em que negava ter feito
um guache sobre papel que estava no acervo.
A obra deixou oficialmente
de fazer parte do acervo, mas
está guardada até hoje em uma
das reservas técnicas do Masp.
Miró é falso, mas há outros
casos em que pairam dúvidas
sobre a autenticidade.
Na década de 50, a dúvida era
tamanha que Bardi decidiu
mostrar a coleção na Europa e
nos EUA. Levou os quadros
para o Louvre (Paris), Tate Gallery (Londres) e esfregou a
autenticidade no rosto de seus
detratores.
Quarenta anos depois dessa
turnê, o Masp ainda convive
com questionamentos.
O ex-conservador-chefe do
museu Fábio Magalhães diz
que a tela "Natureza-morta
com Flores", uma das cinco
obras de Van Gogh pertencentes ao Masp, "não pode ser
considerada" como do artista
holandês.
Atual presidente do Memorial da América Latina, Magalhães fundamenta a informação em conclusões do "museu
de Amsterdã que faz a obra geral de Van Gogh".
A responsável pela coordenadoria de acervo do Masp,
Eunice Sophia, não assina embaixo das palavras de Magalhães, mas diz que a "obra merece um estudo acurado".
Mais comum do que questionar se uma peça é verdadeira ou falsa, é o estudo sobre
sua autenticidade.
Era comum que o artista
usasse aprendizes em seu ateliê, e que esses às vezes pintassem para o mestre. Com frequência o artista assinava
obras produzidas por assistentes ou seguidores.
O Projeto de Pesquisas Rembrandt, que verifica a autenticidade de obras, sustenta que o
"Auto-retrato com Barba
Nascente", do Masp, não é um
Rembrandt.
Segundo documento da comissão, que questiona o método de iluminação, o manejo da
tinta e a interpretação de formas e sombras, a obra "deve
ter sido produzida no círculo
de Rembrandt".
Bardi, que já havia analisado
pinturas para o projeto, nunca
acatou a opinião do conselho
de pesquisadores. "Nunca me
promovi a 'expert', mas reitero minha convicção de que é
do mestre", escreveu.
Outra obra discutida é "As
Tentações de Santo Antônio",
de Bosch. Para Luiz Marques,
ex-curador do Masp, a questão
"está em plena ebulição".
Um estudo sobre o museu, o
livro "Trésors du Musée de
São Paulo" (Fundação Pierre
Gianadda), diz que a peça do
Masp é "uma das numerosas
versões conhecidas, totais ou
parciais, do tríptico que está
no Museu Nacional de Arte
Antiga de Lisboa".
As dúvidas sobre a autenticidade das obras do Masp geraram até piadas. Uma delas dizia que o Bardi que veio ao
Brasil era falso. O verdadeiro
vivia escondido na Itália.
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