São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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GOVERNADORES

Nos Estados, PSDB, PT e PMDB têm 4 vitórias cada um

PSDB domina no Sudeste com as vitórias de José Serra em SP e Aécio Neves em MG; Sul terá 2º turno nos 3 Estados

PT ganha Bahia no 1º turno, na maior vitória estadual de toda a sua história, depois de impor derrota a Paulo Souto, o candidato de ACM

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três partidos tiveram o melhor desempenho nas 17 eleições estaduais decididas ontem: PSDB, PMDB e PT. Venceram 12 dessas disputas -quatro conquistas cada.
Os tucanos ficaram com a jóia da coroa, os dois Estados mais populosos, São Paulo e Minas Gerais (33,1% dos eleitores do país), com José Serra e Aécio Neves, respectivamente. Também levaram Alagoas e Roraima.
O PSDB surpreendeu no Rio Grande do Sul, com Yeda Crusius indo ao segundo turno na primeira colocação.
O PT ganhou a Bahia (o quarto eleitorado do país). Foi a principal vitória estadual na história da sigla, mais habituada a triunfar em unidades da Federação periféricas -as outras três vitórias petistas ontem em primeiro turno foram no Acre, Piauí e Sergipe.
A vitória do PT em Sergipe foi com Marcelo Déda, ex-deputado federal e ex-prefeito de Aracaju. Déda tem boa relação com Lula e sempre é chamado a Brasília em momentos de crise. Agora, deve ajudar na campanha presidencial petista.
O único petista reeleito foi o piauiense Wellington Dias. No Acre, o atual governador, Jorge Viana, conseguiu fazer seu sucessor, Binho Marques.
No Mato Grosso do Sul, Estado governado por Zeca do PT há oito anos, a sigla perdeu a cadeira. O partido foi derrotado, com o insucesso do senador petista Delcídio Amaral -o presidente da CPI dos Correios, investigação que apurou os fatos do escândalo do mensalão. Delcídio perdeu para André Puccinelli (PMDB).
O PMDB venceu em localidades menores em número de eleitores: Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Tocantins. A força da sigla está no fato de disputar seis segundos turnos, podendo atingir dez Estados governados. Se tiverem sucesso em todas essas eleições, os peemedebistas formarão o maior grupo de governadores do país.
O principal desafio do PMDB é o Rio de Janeiro (8,7% dos eleitores brasileiros), onde o senador Sérgio Cabral enfrenta a deputada Denise Frossard (PPS). Cabral é ligado ao grupo do casal peemedebista Anthony e Rosinha Garotinho, que governa o Rio há oito anos.
Mas houve um revés grave para o PMDB. Foi a derrota do atual governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Ele ficou de fora do segundo turno. As duas vagas serão ocupadas pela tucana Yeda Crusius e pelo petista Olívio Dutra.
Os tucanos disputam ainda os segundos turnos na Paraíba (com o atual governador, Cássio Cunha Lima) e no Pará (com Almir Gabriel). Esses Estados já são governados pelo PSDB. No total, os tucanos podem chegar a até sete governos estaduais.
O PT concorre em dois segundos turnos, ambos contra o PSDB: no Rio Grande do Sul (com Olívio Dutra) e no Pará (com a senadora Ana Júlia Carepa). Se vencer nessas duas localidades, os petistas terão seis governos estaduais. Seria um recorde para a agremiação -mas os quatro garantidos nas urnas ontem também são algo inédito para o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma das derrotas estaduais mais sentidas pelo PT foi em Pernambuco. O ex-ministro da Saúde Humberto Costa -acusado de envolvimento na máfia dos sanguessugas- ficou apenas em terceiro lugar.
Entre os quatro maiores partidos do país (PT, PMDB, PSDB e PFL), os pefelistas se deram pior ontem. A principal derrota foi com a perda, já no primeiro turno, do governo da Bahia -com a derrota de Paulo Souto para o petista Jaques Wagner. O fracasso foi completo no Estado, pois o candidato ao Senado, Rodolpho Tourinho, perdeu para João Durval, do PDT.
O ônus maior desse revés baiano do PFL recai sobre o senador Antonio Carlos Magalhães. Aos 79 anos, ele sai fragilizado e certamente deverá perder também poder na cúpula nacional da sigla.
A única vitória ontem do PFL foi modesta, com a eleição do ex-tucano José Roberto Arruda para o governo do Distrito Federal (1,3% do eleitorado nacional). No segundo turno, os pefelistas disputam no Maranhão, com Roseana Sarney, e em Pernambuco, com Mendonça Filho -esse último um ex-deputado federal notabilizado em 1995 por ter sido o autor da emenda que passou a permitir a reeleição.
O PP, sigla que vai encolhendo a cada eleição, ontem não obteve vitórias. Vai disputar apenas dois segundos turnos: em Goiás, com Alcides Rodrigues, e em Santa Catarina, com um tradicional cacique local, Esperidião Amin.

Reeleição e recordes
Os 17 primeiros turnos decididos ontem representam um recorde na história eleitoral do Brasil. Desde 1990, quando esse dispositivo passou a ser usado, o recorde anterior era de 1998, com 14 casos de finalização na primeira votação.
Entre os 20 governadores que tentavam a reeleição, cinco já estão fora -Germano Rigotto (PMDB-RS), Lúcio Alcântara (PSDB-CE), Maria Abadia (PSDB-DF), João Alves (PFL-SE) e Paulo Souto (PFL-BA).
No grupo dos 15 restantes, nove venceram ontem no primeiro turno. Outros seis tentam a sorte no segundo turno. Se todos tiverem sucesso, será um novo recorde desta eleição.
Em 1998, a primeira vez que os governadores puderam concorrer a outro mandato no cargo, 21 tentaram, mas apenas 14 se reelegeram. Em 2002, foram 14 tentativas de reeleição e nove vitórias.
Quando se trata de partidos nanicos, quatro vitórias foram registradas ontem. O destaque é o PSB, com Cid Gomes ganhando no Ceará. Irmão de Ciro Gomes, ele encerrou um ciclo de 20 anos de governos tucanos no Estado.


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