São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice IMAGEM DEVORADA Géricault guia os visitantes
da Reportagem Local Antropofagia não significa copiar um trabalho ou usá-lo de maneira explícita na confecção de um outro. Segundo o curador Paulo Herkenhoff, o citacionismo de imagens, uma característica canibal por excelência, será evitado, embora uma obra específica tenha sido escolhida para permear todo o evento e ilustrar esse tipo de estratégia. Trata-se de "A Jangada da Medusa" (1819), de Géricault (1791-1824), que discute o canibalismo como metáfora da violência e assume a condição de manifesto contra a escravidão ao colocar um negro como o salvador da embarcação. Há dois séculos a tela vem sendo objeto de citações, que chegam até hoje, em obras como a da francesa Annette Messager e a da brasileira Rosana Monnerat. A Bienal inicia essa trajetória estilística com um estudo da obra-prima original, do Louvre. Selecionou também "O Nascimento do Fascismo", de David Siqueiros, que ilustra uma preocupação política deste século. Anger Jorn, do grupo Cobra (iniciais de Copenhague, Bruxelas e Amsterdã), vê a tela como angústia do artista do pós-guerra. Também foram selecionados os fotógrafos Thomas Struth e Jeff Wall, que discutem conceitos ideológicos e políticos ao deslocar a cena para a contemporaneidade.
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