São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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VIAGENS ANTROPOFÁGICAS
Maxixe mexeu com Paris


Franceses invertem lógica canibal e devoram canção brasileira que leva jeito surrealista


Divulgação
'Casario de Santos' (1952), de Alfredo Volpi


da Reportagem Local

O canibalismo cultural no início do século não foi um privilégio brasileiro, como pode levar a pensar o modernismo brasileiro, que foi a partir da reunião das cores e tradições tropicais com as linguagens vanguardistas francesas, como o cubismo e o surrealismo.
O intercâmbio entre Brasil e França não ficou por conta da passagem dos pintores Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Anita Malfatti por Paris.
Alexandre Eulálio conta em "A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars" que, no final dos anos 10, o compositor Darius Milhaud se inspirou no maxixe "Boi no Telhado", de Zé Boiadêro (José Monteiro), para criar sua sinfonia "Le Boeuf sur le Toit", que foi utilizada por Jean Cocteau em um balé.
Os franceses se encantaram com esse proto-surrealismo brasileiro -relacionado por Eulálio às oníricas imagens de Chagall- e dão o nome a uma boate em Paris, onde misturam maxixes, tangos e foxtrotes.
Foi justamente Milhaud, que veio ao Brasil na missão diplomática de Paul Claudel (irmão de Camille), quem despertou em Blaise Cendrars o interesse pelo Brasil.

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