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Primeiro poço do país vive no abandono
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Erguido a 500 metros do local
onde o poço pioneiro foi perfurado e jorrou petróleo pela primeira
vez no país, em 23 de dezembro
de 1939, o monumento que simboliza o início da produção nacional está abandonado, em Lobato,
periferia de Salvador (Bahia).
Quem passa pelo local observa
um cenário desanimador. A rua
que dá acesso ao marco está completamente esburacada, não existe nenhuma sinalização para
orientar o turista, quase todas as
casas do bairro não têm saneamento básico, e a PM recomenda
que se evite a área à noite, por causa dos constantes assaltos.
Com quase 3 m de altura, o monumento é simples e tem o rosto
do ex-presidente Getúlio Vargas
(todo riscado) e o brasão da "República dos Estados Unidos do
Brasil". Ao lado, lixo acumulado e
mato servem de moradia para ratos e baratas. Na parte de trás, falta uma placa, destruída. A pequena grade de ferro que cerca a obra
serve para moradores estenderem
a roupa para secar.
"Como não temos espaço dentro de casa, nós temos de ocupar a
grade", afirma Lenira Ferreira Xavier, 52, uma espécie de "guia turística" do monumento.
Casada, 12 filhos, Lenira diz que
a obra é muito procurada por estudantes e professores da rede pública. "As pessoas querem conhecer a história. É uma pena que tudo esteja abandonado."
A descoberta de petróleo no local foi registrada em um cartório
de Salvador. O poço começou a
produzir em 31 de janeiro de 1940,
13 anos antes da Petrobras.
Lobato parou de produzir petróleo em dezembro de 1978. No
local, há ao menos dez casas construídas. A Petrobras diz que o
crescimento urbano tornou insegura a continuidade operacional.
A empresa afirma que os trabalhos de recuperação da obra começam hoje, no cinquentenário,
com um plano que prevê a transferência do monumento para o
local exato do poço, a construção
de um centro comunitário no local e a revitalização na região.
Segundo o divulgado, serão gastos R$ 2 milhões, e o projeto deverá estar concluído em março.
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