São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES / SÃO PAULO

Eleição pode favorecer planos de tucano na disputa à Presidência

Campanha de Marta abordará problemas na área da segurança


PT já vê Alckmin como "anti-Lula" em 2006

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de disputa "sangrenta", como previu uma das partes, os programas de TV no segundo turno da eleição paulistana dedicarão parte de seu tempo a uma discussão que tem muito a ver com a sucessão presidencial de 2006.
Com razão, o PT desconfia que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já planta as sementes de novo "anti-Lula" do país. O PSDB, também já percebeu que os petistas consideram Alckmin o nome mais provável para tentar bater o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas daqui a dois anos.
Os "padrinhos" da virtual disputa no segundo turno paulistano entre a prefeita Marta Suplicy (PT) e o ex-ministro José Serra (PSDB) são exatamente Lula e Alckmin. Curiosamente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é bombardeado de forma secundária pelo PT e não apareceu uma única vez no horário eleitoral gratuito de Serra. FHC, para petistas e tucanos, está fora da disputa presidencial de 2006.
Ou seja: interessa ao PT desgastar Alckmin desde logo, como interessa ao governador tucano reforçar o carimbo de oposto de Lula. Em contraponto a um presidente emocional, vende-se como um político racional e certinho.
Estrategistas de PT e de PSDB consideram Lula favorito. Ambos os lados afirmam que há uma tendência a se votar a favor da reeleição. Mas Alckmin, que prefere enfrentar a situação a correr o risco de perder a única vaga ao Senado para Eduardo Suplicy, vai reforçando seu cacife no Estado.

Artilharia petista
"Qual parceria é melhor para São Paulo? Lula-Marta ou Alckmin-Serra?" Essa é a pergunta que deverá nortear a estratégia de televisão e rádio no horário eleitoral gratuito que caberá ao PT.
O objetivo é vender para os paulistanos que Marta tem um padrinho mais forte que Serra. Números de repasses federais serão passados à exaustão na TV. Um novo depoimento de Lula ao horário gratuito será gravado.
A segurança pública, responsabilidade do governo Alckmin, deverá ser abordada pela propaganda petista de modo negativo. O PT também continuará a bater na tecla de que Serra não foi tão bom ministro da Saúde como vende.

Munição tucana
Além do investimento "Alckmin-2006", a campanha de Serra minimizará a estratégia de fazer o "julgamento de personalidades", recurso que priorizou no primeiro turno, e passará a centrar fogo no "julgamento de governo".
No primeiro turno, o PSDB investiu no bordão "Serra é do bem" e no perfil "planejador" para se contrapor à "arrogante" e "inexperiente" Marta. A partir de agora, os tucanos deverão bombardear mais a gestão da prefeita e menos a "dona Marta".
Ambos os lados terão 15 minutos de comerciais por dia, mais dois programas de dez minutos cada. Tal poder de comunicação não tem paralelo no mercado privado. Uma grande rede varejista, por exemplo, usa em grandes campanhas no máximo 15% ou 20% desse tempo.
O eleitor ficará enjoado de tanto bombardeio, prevêem os comandos de campanha de Marta e Serra. Na segunda fase, cresce também a audiência dos programas, porque aumenta o interesse do eleitor. As duas campanhas concordam em outro ponto: a vitória será por margem apertada.


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