São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES / FORTALEZA

PT abandona Luizianne e a vê encostar em Inácio, no 3º lugar

Moroni Torgan consegue 28%, contra 19% de Antonio Cambraia


Esquerda disputa votos e pode ficar sem 2º turno

FORTALEZA KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Moroni Torgan (PFL) disputará segundo turno em Fortaleza, mas o adversário segue indefinido. É o que mostra pesquisa Datafolha, em parceria com o jornal "O Povo", divulgada ontem.
Moroni tem 28% contra 19% de Antonio Cambraia (PSDB), 17% de Inácio Arruda (PC do B) e 16% de Luizianne Lins (PT). Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, é impossível cravar o segundo lugar. Na contabilidade dos votos válidos (sem brancos, nulos e indecisos, que são 7% do total), o pefelista vai a 30%, contra 20% de Cambraia, 19% de Inácio e 17% da petista.
O Datafolha ouviu 1.750 eleitores na sexta e ontem. O registro da pesquisa no TRE-CE é 23/04.
Em relação à pesquisa Datafolha anterior, de quarta-feira, Moroni subiu: foi de 24% para 28%. Cambraia caiu de 24% para 19%. Inácio não se moveu, e Luizianne oscilou um ponto para cima.
A divisão da esquerda e a separação política de Tasso Jereissati (PSDB) e Ciro Gomes (PPS), aliados durante 16 anos, embolaram a disputa no Ceará. O embate na esquerda chegou a tal ponto que, mesmo com o crescimento de Luizianne, lideranças do próprio partido conclamam seus filiados a votar em Inácio Arruda.
Pela primeira vez em 19 anos, a esquerda tinha a perspectiva real de vencer em Fortaleza. Alianças haviam sido fechadas em apoio a Inácio, considerado, até então, o favorito na disputa.
Apesar disso, a militância do PT decidiu pela candidatura própria de Luizianne, que é uma deputada estadual da facção à esquerda no partido, a Democracia Socialista. "Simplesmente o diretório nacional do partido vendeu ao PC do B uma mercadoria que não podia entregar. Fizeram um acordo, mas esqueceram de avisar a militância", afirmou o deputado federal João Alfredo Teles (PT-CE).
Entre os petistas de peso que abandonaram Luizianne à própria sorte estão o presidente do partido, José Genoino, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Na sexta, o PT nacional divulgou, em seu site, declarações de Genoino contra a candidata, ao afirmar que há erros nas pesquisas que indicam seu crescimento e incitando que "todos os petistas cerrem fileiras na candidatura de Inácio". Luizianne responde no mesmo tom: "é tão petista quanto Genoino e Dirceu", diz.
"Houve intransigência, erros, falta de diálogo dos dois lados", disse José Nobre Guimarães, irmão de Genoino e um dos caciques do PT cearense que apóiam Inácio. "Alguém vai ter de pagar por isso, e o PT é que pode ser responsabilizado."
Enquanto a esquerda se digladia, dois candidatos com o discurso centrado na segurança pública cresceram: Cambraia e Moroni.
Ex-prefeito de Fortaleza, Cambraia surge como a primeira chance de Tasso conseguir emplacar o prefeito da cidade, depois de três derrotas. Em 18 anos no comando, Tasso só chegou à vitória na capital em 1988, com seu então pupilo Ciro Gomes.
Cambraia, aliás, só é candidato por causa da separação entre Tasso e Ciro. O senador chegou a oferecer ao ministro a cabeça de chapa na coligação. Ciro, porém, decidiu apostar em Inácio, parte de um projeto de sua família para chegar ao poder do Estado em 2006, desvinculado do PSDB.


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