São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Dan Graham

Graham mostra sua psicodelia

Expoente da produção conceitual, artista compara instalação que traz à Bienal à pintura de Seurat

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM NOVA YORK

Um dos pioneiros da video-arte e da performance nos anos 70, hoje um dos nomes-chave da produção conceitual, o norte-americano Dan Graham, 64, ostenta um currículo que o coloca entre os principais convidados estrangeiros da 27ª Bienal de Arte de São Paulo: seu labiríntico universo de reflexos e transparências já esteve exposto quatro vezes na Documenta de Kassel (1972,1977, 1982 e 1992) e três na Bienal de Veneza (1976, 2003, 2005). Grandes museus, como o Whitney, em Nova York, também já receberam suas obras.
No Brasil, ele mostrará, fora do pavilhão da Bienal (no gramado do parque Ibirapuera), uma composição de vídeos, fotografias e maquetes. Segundo Graham, a montagem da obra a céu aberto não traduz um desejo de criticar a instituição museu. "Adoro o museu, acho um lugar romântico, de encontros, seja o saguão, a livraria, o banheiro ou o elevador. Mas minha obra, em vez de estar dentro de um espaço industrial, fica em uma área externa, onde as pessoas que passam podem deitar, relaxar", diz.
O que esse público verá, afirma ele, é uma tentativa de diálogo com a aplicação do vidro em prédios comerciais. "Nos anos 90, boa parte desses edifícios ganhou formas elípticas. Então, fiz modelos barrocos. Lido com clichês do pior dos anos 80, com prédios espelhados que transformo em modelos psicodélicos. Minha obra funciona como ponto de encontro, um pouco como o impressionismo de [Georges] Seurat", explica.
Se o pintor francês é referência para Graham, o mesmo não pode ser dito das formas de Oscar Niemeyer, que irão rodear sua instalação no Ibirapuera. "Minha obra tem curvas, mas a questão é outra, é óptica. Dentro da construção que preparei para a Bienal, dá para deitar e olhar o céu. Não tem nada a ver com o Niemeyer: a obra dele é de formas, formas vazias", opina. Mas há outro arquiteto brasileiro cujo traço agrada ao artista: Vilanova Artigas. "Ele tem muito do Frank Lloyd Wright e nunca se repete. Ele realmente põe o comunismo em prática." (LUCRECIA ZAPPI)


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