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Para Lula, reeleição 'ficou muito difícil'
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
avalia que "ficou muito difícil" a
prefeita Marta Suplicy (PT) vencer José Serra (PSDB) na eleição
paulistana. Satisfeito com o resultado geral do PT nas eleições, Lula
ajudará Marta, encontrando-se
com ela já na sexta-feira. Outro
encontro dos dois, em São Paulo,
deverá acontecer no dia 23.
Mas ambos os encontros, assim
como uma gravação para o horário eleitoral, deverão ser "mais comedidos e ter mais compostura",
nas palavras de um auxiliar, do
que a participação de Lula no primeiro turno. A idéia é evitar que
ele abrace demais uma eventual
derrota em São Paulo.
Lula ficou satisfeito com o resultado geral do primeiro turno, julgando que, se houve "federalização", o fato de o PT ter sido o partido mais votado é um veredicto
favorável à sua administração.
É por isso que seus auxiliares
querem evitar improvisos e excessos nos atos de apoio a Marta. Lula também vai gravar participação
no horário eleitoral gratuito.
Na sexta, em São Paulo, Lula
abrirá a reunião da entidade internacional de prefeitos de Cidades e Governos Locais Unidos.
Marta é a atual presidente da organização, que reúne cerca de 100
mil municípios do planeta.
Detalhe: no primeiro turno, Lula deixou o discurso escrito e, de
improviso, deu as declarações que
renderam contestação judicial.
Até a gravação para o horário eleitoral na primeira fase foi improvisada -estava prevista apenas para o segundo turno. Outra visita a
São Paulo antes do segundo turno
já está pré-marcada para o dia 23:
passagem pelo Museu do Negro.
O presidente do PT, José Genoino, procurou o Palácio do Planalto para marcar conversa com Lula, provavelmente hoje, em Brasília. À tarde, Lula irá se encontrar
com prefeitos petistas eleitos no
primeiro turno.
Feita em reuniões ao longo do
dia de ontem, a avaliação pessimista sobre as chances de Marta
se deve a uma dianteira de Serra
considerada surpreendente e à
previsão de que ele deverá herdar
a grande maioria dos votos de
Paulo Maluf (PP) e de Luiza Erundina (PSB). Serra teve 43% dos
votos válidos. Marta, 35%. Maluf,
11%. E Erundina, 3%. Caso seja
realmente derrotada, é possível
que Marta seja compensada por
Lula com um ministério, provavelmente o das Cidades.
A cúpula do PT estima que Serra deverá começar o segundo turno com uma dianteira de mais de
15 pontos percentuais, o que levou Lula a dizer que "ficou muito
difícil" uma vitória da prefeita.
Lula e o PT esperavam que Marta
passasse ao segundo turno com ligeira vantagem ou, no mínimo,
um pouco atrás de Serra.
Para tentar virar o jogo, o PT
acredita que terá de bater muito
duro em Serra e no governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin, nos
programas de TV e rádio do horário eleitoral gratuito. Nos planos
do PT, Marta precisaria estar a
menos de dez pontos percentuais
atrás de Serra na simulação do segundo turno.
A campanha petista acredita
que Serra conquistou votos entre
os indecisos, além de uma antecipação de escolha de eleitores que
tendiam a votar em Maluf e Erundina. Ao atacar Serra na TV, Marta correrá risco de ver crescer sua
rejeição, o dobro da do tucano
(cerca de 30% contra 15%).
Lula e o PT avaliam que, se Serra
vencer, terão "problema político", mas não "eleitoral", de acordo com expressões de membros
da cúpula petista.
O presidente dizia ontem a interlocutores que a reação do mercado financeiro aos resultados do
primeiro turno eram prova de
que seu governo se saíra bem. Declarando-se "feliz", citava que o
C-Bond, título da dívida pública
do Brasil mais negociado no exterior, estava valendo 100% do preço de face.
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