São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Investimento pode ser mais eficiente do que marketing sozinho

Ação comunitária rende ganho permanente à marca

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro projeto social da Fundação Orsa foi o Programa Formação, implantado em Campinas (SP) em 1994. A unidade atendia 80 crianças e adolescentes da periferia do município. A partir de então, 1% do faturamento anual bruto de todas as empresas do Grupo Orsa passou a ser revertido para a fundação. Foram investidos R$ 52,2 milhões em um período de dez anos.
A idéia, conta Sergio Amoroso, 51, presidente do grupo, surgiu do fato de a empresa ter crescido, nove anos depois de seu nascimento, três vezes mais do que o projetado para a vida toda. "Achei que tinha de fazer algo para a sociedade."
O objetivo nunca foi, segundo ele, obter vantagens para a imagem da empresa. E continua não sendo. "Daria bem menos trabalho investir diretamente em marketing", afirma Amoroso. Mas a fundação e o grupo já receberam diversos prêmios, tanto de responsabilidade social como de marketing, pelas iniciativas.
Com o trabalho social vêm o reconhecimento das comunidades beneficiadas e a motivação dos funcionários envolvidos nos programas, dizem os especialistas.
Para o consultor de responsabilidade social da Arno, Mauro de Almeida, qualquer ação de produto está fadada a morrer logo, enquanto ações que beneficiem a imagem da marca são cumulativas. "Quanto mais a empresa consegue atingir as pessoas com os benefícios, maior é a projeção que ela obtém. Não há indicadores concretos que mostrem isso, mas, hoje, não estar engajado é muito negativo para a imagem corporativa", argumenta.
Segundo ele, os projetos de responsabilidade social da companhia mudaram a disposição dos funcionários da Arno. "A equipe está mais motivada, dá para perceber a mudança de comportamento." Os projetos focam o não-desperdício de recursos naturais. No caso das lavadoras de roupa, por exemplo, uma cartilha acompanha todo produto comprado com dicas para economizar água.
Ainda assim, pesquisa feita neste ano pelo Instituto ADVB de Responsabilidade Social com 2.819 empresas de todo o país revelou queda de 14% nos investimentos corporativos em ações sociais de 2003 para 2004.
A percepção de que esse tipo de ação repercute na imagem é, contudo, crescente: 89% das empresas entrevistadas disseram que a responsabilidade social faz parte da visão estratégica na tomada de decisões e na forma de gestão -tanto é que 58% manifestaram intenção de aumentar os investimentos na área em 38% em 2005.
Segundo Lívio Giosa, coordenador da pesquisa, as empresas estão muito mais preparadas para a prática. A redução no volume investido é, para ele, resultado de uma melhora na aplicação dos recursos. "As corporações aprenderam a não gastar em coisas incertas", afirma ele.
O estudo também mostra que a atuação comunitária é vista hoje com uma condição básica de sobrevivência pelo empresariado. "Atualmente, a responsabilidade social é uma vantagem competitiva. Quem não pratica não entendeu ainda a nova personalidade que o setor privado adquire ao se preocupar com isso." (RGV)

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