São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2004

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Motoristas encaram veículo como bolsa e fazem questão de ter tudo à mão no trânsito

Automóvel vira grande porta-treco

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na hora de dirigir, as mulheres transportam o seu dia-a-dia para dentro do carro. As mais vaidosas espalham pelo porta-luvas estojinhos de maquiagem, lencinhos, roupas e escovas de cabelos. As "workaholics" têm o material de trabalho sempre à mão. E as atrasadas compensam a dificuldade em cumprir horários economizando tempo no tráfego.
A psicóloga e especialista em trânsito Cecilia Bellina compara a relação das mulheres com os carros àquela que elas têm com suas próprias bolsas: "Elas são naturalmente mais ansiosas. Para não ter surpresas, tratam de se prevenir e procuram ter as coisas sempre à mão", explica. E o cuidado com a aparência, claro, faz parte dessas preocupações.
A dona-de-casa Vânia Golin não esquece o "kit básico" de creme hidratante, óculos escuros e lixa de unha. "Aproveito para passar creme nas mãos quando o trânsito fica parado."
Exceção à regra, a carioca Cristina Magalhães, 47, também dona-de-casa, é austera. "Não sou dessas que levam muita coisa. Carrego só documentos, óculos escuros, chaves e telefone celular."
O hábito de retocar a maquiagem no trânsito não é dos mais recomendáveis. "Se a mulher estiver no semáforo e resolver maquiar os olhos, por exemplo, uma batida por trás pode deixá-la cega", alerta Eduardo Marçon, sócio da Safe Driving, escola que oferece cursos de direção defensiva.

Papo e trabalho
O chavão de que as mulheres falam muito é confirmado, no trânsito, pelos telefones celulares. "Sou das que falam muito no celular e só desligo ao chegar ao meu destino", confessa a assessora de imprensa carioca Priscila Assed, 25, que tem dois aparelhos. "Às vezes tocam juntos. Se estou no sinal, atendo os dois."
Entre uma rua congestionada e outra, há as que encontram soluções inusitadas para ganhar tempo. "Uma vez estava atrasada e precisei me trocar no trânsito", conta a professora de ioga Virgínia Yamazaki, 33. "Se um ônibus passava, eu disfarçava", completa.
Já as que passam muito tempo no carro por causa do trabalho transformam o veículo em extensão do escritório. Ou da clínica.
"Tenho sempre no meu carro receituário, papéis e instrumentos como sondas, pinças e material de primeiros-socorros para cavalos", conta a veterinária Marta Ferreira Luz, 40, que vive na estrada visitando hípicas e haras.
A decoradora Isamar Murad, 40, também leva "de tudo" em sua Chevrolet Zafira. "Já usei o carro para levar cortinas, bandôs e móveis até para o Guarujá. Por isso escolhi um carro grande." (RAP)


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