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Motoristas encaram veículo como bolsa e fazem questão de ter tudo à mão no trânsito
Automóvel vira grande porta-treco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Na hora de dirigir, as mulheres
transportam o seu dia-a-dia para
dentro do carro. As mais vaidosas
espalham pelo porta-luvas estojinhos de maquiagem, lencinhos,
roupas e escovas de cabelos. As
"workaholics" têm o material de
trabalho sempre à mão. E as atrasadas compensam a dificuldade
em cumprir horários economizando tempo no tráfego.
A psicóloga e especialista em
trânsito Cecilia Bellina compara a
relação das mulheres com os carros àquela que elas têm com suas
próprias bolsas: "Elas são naturalmente mais ansiosas. Para não ter
surpresas, tratam de se prevenir e
procuram ter as coisas sempre à
mão", explica. E o cuidado com a
aparência, claro, faz parte dessas
preocupações.
A dona-de-casa Vânia Golin
não esquece o "kit básico" de creme hidratante, óculos escuros e lixa de unha. "Aproveito para passar creme nas mãos quando o
trânsito fica parado."
Exceção à regra, a carioca Cristina Magalhães, 47, também dona-de-casa, é austera. "Não sou dessas que levam muita coisa. Carrego só documentos, óculos escuros, chaves e telefone celular."
O hábito de retocar a maquiagem no trânsito não é dos mais recomendáveis. "Se a mulher estiver no semáforo e resolver maquiar os olhos, por exemplo, uma
batida por trás pode deixá-la cega", alerta Eduardo Marçon, sócio
da Safe Driving, escola que oferece cursos de direção defensiva.
Papo e trabalho
O chavão de que as mulheres falam muito é confirmado, no trânsito, pelos telefones celulares.
"Sou das que falam muito no celular e só desligo ao chegar ao
meu destino", confessa a assessora de imprensa carioca Priscila
Assed, 25, que tem dois aparelhos.
"Às vezes tocam juntos. Se estou
no sinal, atendo os dois."
Entre uma rua congestionada e
outra, há as que encontram soluções inusitadas para ganhar tempo. "Uma vez estava atrasada e
precisei me trocar no trânsito",
conta a professora de ioga Virgínia Yamazaki, 33. "Se um ônibus
passava, eu disfarçava", completa.
Já as que passam muito tempo
no carro por causa do trabalho
transformam o veículo em extensão do escritório. Ou da clínica.
"Tenho sempre no meu carro
receituário, papéis e instrumentos
como sondas, pinças e material de
primeiros-socorros para cavalos", conta a veterinária Marta
Ferreira Luz, 40, que vive na estrada visitando hípicas e haras.
A decoradora Isamar Murad,
40, também leva "de tudo" em sua
Chevrolet Zafira. "Já usei o carro
para levar cortinas, bandôs e móveis até para o Guarujá. Por isso
escolhi um carro grande."
(RAP)
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