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CABRERA
Veterinário que foi ministro de Collor aos 29 anos é "convocado" pelo PTB para ajudar na campanha nacional da Frente Trabalhista
Ex-collorido dá palanque a Ciro
DA REDAÇÃO
No último dia 24, dois dias antes de o Brasil disputar a semifinal
da Copa do Mundo, o jogo eleitoral em São Paulo ainda não era
uma grande preocupação para
Antonio Cabrera Mano Filho, 41
-o veterinário que, aos 29 anos,
se tornou o ministro mais novo
da história da República.
Hoje dono de uma empresa
agropecuária em São José do Rio
Preto, cidade onde nasceu, Cabrera acreditava que teria um papel
secundário nas eleições deste ano:
apenas o de prosseguir na missão
de fortalecer seu partido, o PTB,
no interior do Estado.
Naquela segunda-feira, no entanto, foi "convocado" -como
ele próprio definiu- pelo presidente estadual do partido, Campos Machado, a se lançar candidato a governador. "Eu nem imaginava. Fui pego de surpresa."
Cabrera titubeou após o convite
e só se definiu depois de receber
uma ligação de Ciro Gomes
(PPS), candidato à Presidência
em coligação nacional com PTB e
PDT. "Entendi que era do interesse do partido", disse.
Segundo Campos Machado, a
idéia inicial do PTB era se aliar ao
PSDB, como em 1998. Mas a necessidade de dar um palanque a
Ciro em São Paulo obrigou o partido lançar candidatura própria.
Mesmo admitindo o objetivo de
"dar suporte a Ciro", Cabrera
promete mostrar até o dia 20 um
plano de governo e diz que tentará ser eleito. Acredita que seu histórico, "mais voltado para o executivo", o credencia para isso.
Formado em medicina veterinária pela Unesp de Jaboticabal
(SP), Cabrera é da quinta geração
de agricultores e, aos 13, já trabalhava em fazendas da família.
Em 1988, viajou à Índia para fazer cursos de especialização em
produção animal e atuar como
consultor da FAO (Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).
Nesse cargo, visitou o Vietnã a
convite do governo local e produziu um documentário, que foi exibido pela Rede Manchete. Antes
de voltar ao Brasil ainda passou
por Camboja e Tibete (sob controle da China), onde ficou dois
meses e diz ter aprendido a "filosofia da perseverança".
Em 1989, fez na região de São José do Rio Preto uma bem-sucedida campanha para o então candidato do PRN à Presidência, Fernando Collor de Mello.
Eleito, Collor chamou Joaquim
Roriz (hoje no PMDB) para ser
ministro da Agricultura. Roriz
passou 15 dias no cargo e saiu para se candidatar ao governo do
Distrito Federal.
Cabrera foi convidado e ficou
até o fim do governo Collor, em
outubro de 1992. Teve uma atuação considerada "técnica" e seu
nome não foi envolvido nas denúncias de corrupção que levaram à saída de Collor.
Dois anos depois, no PFL,
apoiou a candidatura de Mário
Covas (PSDB) ao governo de São
Paulo. Covas venceu, e Cabrera se
tornou secretário da Agricultura.
"Nessa época, tive a oportunidade
de conhecer todos os municípios
do Estado. E de carro", diz.
Em 1996, Covas demitiu todos
os secretários do PFL em represália ao apoio do partido a Celso Pitta na eleição para a Prefeitura de
São Paulo.
Cabrera passou a articular sua
candidatura ao Senado. Mas o
PFL se coligou ao PPB de Paulo
Maluf, que impôs o nome do jogador de basquete Oscar Schmidt.
"Foi uma rasteira política", diz.
Presbiteriano, Cabrera tentará
conseguir um espaço que já foi de
Francisco Rossi (PL). "Não vou
fazer disso o mote da minha campanha, mas espero o voto dos
evangélicos."
(RENATO FRANZINI)
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