São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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CABRERA

Veterinário que foi ministro de Collor aos 29 anos é "convocado" pelo PTB para ajudar na campanha nacional da Frente Trabalhista

Ex-collorido dá palanque a Ciro

DA REDAÇÃO

No último dia 24, dois dias antes de o Brasil disputar a semifinal da Copa do Mundo, o jogo eleitoral em São Paulo ainda não era uma grande preocupação para Antonio Cabrera Mano Filho, 41 -o veterinário que, aos 29 anos, se tornou o ministro mais novo da história da República.
Hoje dono de uma empresa agropecuária em São José do Rio Preto, cidade onde nasceu, Cabrera acreditava que teria um papel secundário nas eleições deste ano: apenas o de prosseguir na missão de fortalecer seu partido, o PTB, no interior do Estado.
Naquela segunda-feira, no entanto, foi "convocado" -como ele próprio definiu- pelo presidente estadual do partido, Campos Machado, a se lançar candidato a governador. "Eu nem imaginava. Fui pego de surpresa."
Cabrera titubeou após o convite e só se definiu depois de receber uma ligação de Ciro Gomes (PPS), candidato à Presidência em coligação nacional com PTB e PDT. "Entendi que era do interesse do partido", disse.
Segundo Campos Machado, a idéia inicial do PTB era se aliar ao PSDB, como em 1998. Mas a necessidade de dar um palanque a Ciro em São Paulo obrigou o partido lançar candidatura própria.
Mesmo admitindo o objetivo de "dar suporte a Ciro", Cabrera promete mostrar até o dia 20 um plano de governo e diz que tentará ser eleito. Acredita que seu histórico, "mais voltado para o executivo", o credencia para isso.
Formado em medicina veterinária pela Unesp de Jaboticabal (SP), Cabrera é da quinta geração de agricultores e, aos 13, já trabalhava em fazendas da família.
Em 1988, viajou à Índia para fazer cursos de especialização em produção animal e atuar como consultor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).
Nesse cargo, visitou o Vietnã a convite do governo local e produziu um documentário, que foi exibido pela Rede Manchete. Antes de voltar ao Brasil ainda passou por Camboja e Tibete (sob controle da China), onde ficou dois meses e diz ter aprendido a "filosofia da perseverança".
Em 1989, fez na região de São José do Rio Preto uma bem-sucedida campanha para o então candidato do PRN à Presidência, Fernando Collor de Mello.
Eleito, Collor chamou Joaquim Roriz (hoje no PMDB) para ser ministro da Agricultura. Roriz passou 15 dias no cargo e saiu para se candidatar ao governo do Distrito Federal.
Cabrera foi convidado e ficou até o fim do governo Collor, em outubro de 1992. Teve uma atuação considerada "técnica" e seu nome não foi envolvido nas denúncias de corrupção que levaram à saída de Collor.
Dois anos depois, no PFL, apoiou a candidatura de Mário Covas (PSDB) ao governo de São Paulo. Covas venceu, e Cabrera se tornou secretário da Agricultura. "Nessa época, tive a oportunidade de conhecer todos os municípios do Estado. E de carro", diz.
Em 1996, Covas demitiu todos os secretários do PFL em represália ao apoio do partido a Celso Pitta na eleição para a Prefeitura de São Paulo.
Cabrera passou a articular sua candidatura ao Senado. Mas o PFL se coligou ao PPB de Paulo Maluf, que impôs o nome do jogador de basquete Oscar Schmidt. "Foi uma rasteira política", diz.
Presbiteriano, Cabrera tentará conseguir um espaço que já foi de Francisco Rossi (PL). "Não vou fazer disso o mote da minha campanha, mas espero o voto dos evangélicos." (RENATO FRANZINI)

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