São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2005

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Diplomata e seu filho são enterrados no Rio


Familiares acompanham o enterro da brasileira Lys Amayo e de Gianluca

Theresa Amayo, mãe da vítima do tsunami, critica Washington



DA SUCURSAL DO RIO

Os corpos da diplomata brasileira Lys Amayo de Benedek D'Avola, 48, e de seu filho Gianluca, 10, mortos na Tailândia pelo tsunami que atingiu o Sudeste Asiático em 26 de dezembro, foram enterrados ontem no cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona central), no Rio.
Os caixões de mãe e filho foram sepultados no mesmo túmulo. Chorando muito, a atriz Theresa Amayo, mãe da diplomata, despediu-se de filha e neto tocando nos caixões e jogando flores.
Já Thais, 20, a outra filha de Lys Amayo, preferiu não se aproximar do túmulo. Muito abatida, mas sem chorar, ela se manteve ao lado de amigos e parentes. Thais e a avó não quiseram falar com os jornalistas no cemitério.
Thais sobreviveu por não ter ido passear com a família pela ilha tailandesa de Phi Phi no dia 26. Ela preferiu ficar no hotel, por causa de dores no estômago. Seu padrasto e pai de Gianluca, o empresário italiano Antônio D'Ávola, ainda não foi encontrado.
Pela manhã, após desembarcar no Rio no mesmo vôo que trouxe da Tailândia os dois corpos, Theresa Amayo disse que os mais de 150 mil mortos pelo maremoto foram vítimas de um "genocídio". "Os países ricos, principalmente os EUA, sabiam do risco [do tsunami], e ninguém foi avisado", afirmou. Mais tarde, no velório, o pai da diplomata, o artista plástico Estevan Andre Benedek, endossou a opinião da ex-mulher.
"Houve omissão do governo tailandês por causa do turismo. Eles não queriam prejudicar a imagem do país", disse.
Após a tragédia, Vasily V. Titov, diretor-assistente do Esforço para o Mapeamento de Inundação por Tsunami, com base nos EUA, afirmou que o Centro de Alerta de Tsunami no Pacífico, no Havaí, só detectou o terremoto, mas não as fortes ondas, devido à falta de informações e de instrumentos.
Benedek contou ter escapado da morte graças à atual mulher, que não poderia ir com ele à Tailândia por ter de trabalhar. "Ela me convenceu a adiarmos para o próximo fim de ano", disse.
Apesar da tristeza, Theresa Amayo comemorou ter reencontrado sua neta Thais na Tailândia: "Deus foi generoso porque salvou minha neta. Foi uma forma de Deus me abençoar". Thais deve retornar a Milão, na Itália, onde estuda administração.
O representante do governo brasileiro, Mauro Mendes de Azevedo, chefe do escritório de representação do Itamaraty no Rio, entregou à mãe da diplomata cartas de solidariedade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Lys Amayo era primeira-secretária da embaixada brasileira na Tailândia e estava na ilha de Phi Phi em férias.
Até ontem, o Itamaraty só confirmava as mortes da diplomata e de seu filho. Ainda há 53 brasileiros que não fizeram contato com os parentes. O governo brasileiro anunciou que pode enviar ao Sudeste Asiático homens do Exército, caso a iniciativa seja requisitada nos próximos dias pela ONU.
Cerca de cem homens estão prontos para embarcar para os locais atingidos pelo maremoto. Seriam três equipes da área de saúde, de engenharia e de apoio e segurança. Helicópteros também poderão ser deslocados. Segundo o governo, os auxílios no Brasil às vítimas do Sudeste Asiático atingiram 637 toneladas, entre roupas, medicamentos e alimentos.


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