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Nota de corte
Fantasma da perda da vaga em competições importantes atormenta atletas e faz competidores pensarem até em desistir da carreira ao serem alijados por falhas na preparação ou contusões
DA REPORTAGEM LOCAL
Escalada para o Pan do
Rio, dona da braçadeira de capitã e com o
joelho recuperado, a
carioca Lucila, 31, ainda sofre ao lembrar dos Jogos
que perdeu há quatro anos.
Um dia antes de embarcar
para Santo Domingo, a jogadora de handebol sofreu grave lesão no joelho. Foi cortada com
as malas prontas para a viagem.
"Foi a pior fase da minha vida. Pensei em parar, fiquei deprimida. Precisei de pessoas
para me ajudar, minha família
veio ficar comigo [em São Paulo]", afirma a jogadora.
O trauma de ser cortado ou
de não obter vaga em um torneio atormenta qualquer atleta. Para os brasileiros que irão
disputar o Pan em casa, a ansiedade se tornou ainda maior.
"Fiquei bem tensa, mas me
dediquei ao máximo. Quando
fui cortada em 2003, eu pensei
que tinha de ficar boa para ir à
Olimpíada no ano seguinte. Isso me deu força. O mesmo
aconteceu agora", afirma Lucila, que teve o mesmo joelho
operado neste ano.
Desde a cirurgia até a convocação, a jogadora também viu
sua equipe em Guarulhos fechar as portas e ficou três meses sem receber salários.
"O trauma de um corte pode
ser grande se o atleta não estiver preparado psicologicamente", diz Márcia Pilla do Valle.
"O importante é focar no resultado individual. É ele sentir
que está preparado, que melhorou seu desempenho e saber que fez o melhor que podia.
Se não conseguiu, é porque os
outros estavam melhor preparados", completa a psicóloga.
Fabiana Murer foi a última
do time de 11 atletas acompanhados pela Folha a respirar
aliviada com a vaga no Pan.
Apesar de ter seu lugar praticamente assegurado -tem a
melhor marca do país no ano-,
precisava se apresentar bem no
Troféu Brasil, há cerca de duas
semanas, para ratificar o favoritismo no salto com vara.
"Estou ansiosa. Desisti de
duas competições na Europa
para me concentrar na preparação para o Pan. O público deve ser muito grande. Dá um
nervosismo e friozinho na barriga", revela a saltadora.
"Quero melhorar minha forma física. Estou fazendo treinos fortes para recuperar o
tempo perdido com a lesão
[nas costas]", afirma ela.
Contusão também foi o fantasma que atormentou Paula
Pequeno. Um joelho machucado tirou a atacante de vôlei da
Olimpíada de Atenas-2004.
Em 2005, a gravidez da filha
Mel a afastou da seleção.
"Achei que minha carreira
iria acabar. Foi tudo muito
inesperado. Mas, depois, vi que
tinha de me dedicar ainda mais
para dar um futuro melhor para minha filha. Criei uma consciência corporal maior e sei dos
meus limites agora", diz.
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