São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Acusado é de classe média alta e adepto do Santo Daime

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Suspeito de ter assassinado Glauco e Raoni, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, não trabalha nem estuda. Há cerca de dois anos foi detido pela polícia por porte de maconha.
"Ele já fumou maconha... Fazia isso de vez em quando. Mas não chegava a ser um problema. Ele nunca foi internado", disse ontem à Folha o irmão de Carlos Eduardo, Carlos Augusto, dois anos mais novo.
"Os problemas que ele teve foram com o Santo Daime, que mexe com o cérebro. Tomava todo dia. Num Réveillon ele surtou. Teve taquicardia e desmaiou. Precisei socorrê-lo."
Filhos de pais separados, os dois vivem desde pequenos com os avós paternos numa vizinhança de classe média alta no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
Ele acredita na inocência do irmão, embora diga não ter conseguido contato com ele após o assassinato de Glauco.
"Boto minha mão no fogo por ele. Estivemos juntos ontem à noite [em casa] e ele estava muito bem. Fui dormir tranquilo e acordei com a polícia de madrugada na porta de casa."
Carlos Augusto diz que Glauco era o padrinho de seu irmão na comunidade Céu de Maria.
Frequentadores da comunidade disseram à polícia que o jovem havia buscado a ajuda da Céu de Maria para se livrar do vício da cocaína. Era lá que ele tomava o chá do Santo Daime.
No dia 25 de janeiro, eles afirmam, Carlos Eduardo foi à casa de Glauco comemorar sua recuperação completa.
Segundo o irmão, Carlos Eduardo -ou Cadu, como era conhecido entre os amigos e os parentes- tinha dificuldade nos estudos. Ele chegou a se matricular no curso de design de moda do Centro Universitário Belas Artes, mas desistiu antes do início das aulas.
Segundo a polícia, além desse curso, ele também teria frequentado outros três cursos -mas não conclui nenhum.
O único trabalho que Carlos Eduardo teve foi como garçom num restaurante, depois de fazer um curso de gastronomia.
O irmão afirma que Carlos Eduardo "sempre some", mas que desta vez ele não deve voltar tão cedo. "Mandei um monte de mensagens [de texto pelo celular], mas ele não responde.
Liguei, mas só cai na caixa postal. Só quero o bem dele. Tenho certeza de que ele não puxou o gatilho."
Os pais de Carlos Eduardo, Carlos Grecchi Nunes e Valéria Sundfeld Nunes, não foram localizados.


Colaboraram TALITA BEDINELLI e ROGERIO PAGNAN , da Reportagem Local


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