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Acusado é de classe média alta e adepto do Santo Daime
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Suspeito de ter assassinado
Glauco e Raoni, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, não trabalha nem estuda. Há cerca de
dois anos foi detido pela polícia
por porte de maconha.
"Ele já fumou maconha... Fazia isso de vez em quando. Mas
não chegava a ser um problema. Ele nunca foi internado",
disse ontem à Folha o irmão de
Carlos Eduardo, Carlos Augusto, dois anos mais novo.
"Os problemas que ele teve
foram com o Santo Daime, que
mexe com o cérebro. Tomava
todo dia. Num Réveillon ele
surtou. Teve taquicardia e desmaiou. Precisei socorrê-lo."
Filhos de pais separados, os
dois vivem desde pequenos
com os avós paternos numa vizinhança de classe média alta
no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
Ele acredita na inocência do
irmão, embora diga não ter
conseguido contato com ele
após o assassinato de Glauco.
"Boto minha mão no fogo por
ele. Estivemos juntos ontem à
noite [em casa] e ele estava
muito bem. Fui dormir tranquilo e acordei com a polícia de
madrugada na porta de casa."
Carlos Augusto diz que Glauco era o padrinho de seu irmão
na comunidade Céu de Maria.
Frequentadores da comunidade disseram à polícia que o
jovem havia buscado a ajuda da
Céu de Maria para se livrar do
vício da cocaína. Era lá que ele
tomava o chá do Santo Daime.
No dia 25 de janeiro, eles afirmam, Carlos Eduardo foi à casa
de Glauco comemorar sua recuperação completa.
Segundo o irmão, Carlos
Eduardo -ou Cadu, como era
conhecido entre os amigos e os
parentes- tinha dificuldade
nos estudos. Ele chegou a se
matricular no curso de design
de moda do Centro Universitário Belas Artes, mas desistiu
antes do início das aulas.
Segundo a polícia, além desse curso, ele também teria frequentado outros três cursos
-mas não conclui nenhum.
O único trabalho que Carlos
Eduardo teve foi como garçom
num restaurante, depois de fazer um curso de gastronomia.
O irmão afirma que Carlos
Eduardo "sempre some", mas
que desta vez ele não deve voltar tão cedo. "Mandei um monte de mensagens [de texto pelo
celular], mas ele não responde.
Liguei, mas só cai na caixa postal. Só quero o bem dele. Tenho
certeza de que ele não puxou o
gatilho."
Os pais de Carlos Eduardo,
Carlos Grecchi Nunes e Valéria
Sundfeld Nunes, não foram localizados.
Colaboraram TALITA BEDINELLI e ROGERIO
PAGNAN , da Reportagem Local
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