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Empresas de produtos químicos foram as mais prejudicadas
FREDERICO VASCONCELOS
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
As indústrias de produtos químicos, de alumínio e de papel e celulose foram as que mais sofreram
com o blecaute de anteontem.
A Rhodia perdeu US$ 250 mil nas
três horas de paralisação no complexo industrial em Paulínia (SP).
Como a retomada da produção é
feita por etapas, e dura cerca de 24
horas, há ainda as perdas com a
produção que seria vendida se não
houvesse a interrupção.
No complexo petroquímico de
São Paulo, Santo André, Mauá, Capuava e Cubatão, 22 empresas pararam e ainda não se recuperaram
totalmente. A PQU, central produtora de matérias-primas, só deverá
normalizar suas atividades às 10h
de hoje, informa Edson Éden dos
Santos, diretor-superintendente.
Em um dia e meio, a empresa terá
um prejuízo aproximado de US$ 3
milhões.
A Copesul, central petroquímica
com sede em Triunfo, no Rio
Grande do Sul, é auto-suficiente
em energia elétrica. Segundo Robson Rebello, executivo da unidade
de utilidades, o blecaute -de 33
minutos- afetou o abastecimento
das empresas de segunda geração,
que dependem de energia elétrica.
Essas indústrias, que produzem
termoplásticos, ainda terão prejuízo adicional, pois a retomada da
produção leva de 12 a 24 horas.
A Alcoa, em Poços de Caldas
(MG), deixou de produzir 30 toneladas de alumínio, o que representa uma perda de US$ 36 mil.
Segundo Adjarma Azevedo, diretor-executivo da Abal (reúne
produtores de alumínio), a CBA
(em Sorocaba) e a Valesul (em
Santa Catarina) deixaram de produzir 60 toneladas, o que equivale
a vendas de US$ 72 mil.
A Alcan deixou de produzir 120
toneladas, em duas unidades, com
prejuízo estimado em mais de US$
300 mil, segundo Luís Madella, gerente de relações externas.
"A energia oscilou muito, o que
prejudica os equipamentos", diz
Madella. Se o blecaute demora
mais de cinco horas, o alumínio
solidifica dentro dos fornos.
As siderúrgicas também são afetadas, porque trabalham 24 horas
por dia. A CSN informa que o forno havia sido desligado antes do
blecaute para manutenção. A Usiminas informou que não teve problemas com a falta de energia.
A Suzano (papel e celulose) calcula um prejuízo de R$ 420 mil
com as seis horas e meia de paralisação (foram três horas para retomar a operação).
Segundo Adhemar Magon, diretor-executivo, a Suzano tem que
fazer paradas periódicas de manutenção e a empresa aproveitou o
blecaute para antecipar tarefas da
próxima parada programada.
Adauto Ponte, vice-presidente
da Abifa (indústria da fundição),
diz que o setor sofre duplamente:
os fornos esfriam e, para retornar a
produção, é preciso um tempo
maior do que o do blecaute.
José Rogelio Medela, presidente
do sindicato da indústria de refrigeração de São Paulo, diz que uma
parada de até uma hora e meia não
é suficiente para estragar os produtos. "A partir de duas ou três horas, começa a haver risco de estragar os produtos alimentícios, como congelados e frios", diz.
Para alguns setores da indústria
farmacêutica que só operam com
rigorosos controles de temperatura e filtragem, uma parada dessas
pode levar à perda de lotes que estavam na linha de produção.
Segundo Medela, muitas empresas que não acreditavam em colapsos de energia haviam reduzido os
custos com sistemas alternativos.
Lauro Moretto, vice-presidente
do sindicato paulista da indústria
de produtos farmacêuticos, diz
que "é lamentável a indústria correr o risco de perder equipamentos
com a variação de energia".
Mário Ceratti Benedetti, presidente do sindicato da indústria de
carnes e derivados de São Paulo,
diz que a única perda em seu frigorífico foi o atraso de quatro horas
no descarregamento. "Os produtos estocados na câmara fria não
foram afetados", diz.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) e a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo) ainda não têm um levantamento das perdas na indústria.
Pio Gavazzi, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp,
diz que as mais afetadas são as indústrias de ciclo contínuo (celulose, fundição e vidros). Muitas não
estão operando com três turnos.
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