São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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Empresas de produtos químicos foram as mais prejudicadas

FREDERICO VASCONCELOS
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

As indústrias de produtos químicos, de alumínio e de papel e celulose foram as que mais sofreram com o blecaute de anteontem.
A Rhodia perdeu US$ 250 mil nas três horas de paralisação no complexo industrial em Paulínia (SP).
Como a retomada da produção é feita por etapas, e dura cerca de 24 horas, há ainda as perdas com a produção que seria vendida se não houvesse a interrupção.
No complexo petroquímico de São Paulo, Santo André, Mauá, Capuava e Cubatão, 22 empresas pararam e ainda não se recuperaram totalmente. A PQU, central produtora de matérias-primas, só deverá normalizar suas atividades às 10h de hoje, informa Edson Éden dos Santos, diretor-superintendente. Em um dia e meio, a empresa terá um prejuízo aproximado de US$ 3 milhões.
A Copesul, central petroquímica com sede em Triunfo, no Rio Grande do Sul, é auto-suficiente em energia elétrica. Segundo Robson Rebello, executivo da unidade de utilidades, o blecaute -de 33 minutos- afetou o abastecimento das empresas de segunda geração, que dependem de energia elétrica.
Essas indústrias, que produzem termoplásticos, ainda terão prejuízo adicional, pois a retomada da produção leva de 12 a 24 horas.
A Alcoa, em Poços de Caldas (MG), deixou de produzir 30 toneladas de alumínio, o que representa uma perda de US$ 36 mil.
Segundo Adjarma Azevedo, diretor-executivo da Abal (reúne produtores de alumínio), a CBA (em Sorocaba) e a Valesul (em Santa Catarina) deixaram de produzir 60 toneladas, o que equivale a vendas de US$ 72 mil.
A Alcan deixou de produzir 120 toneladas, em duas unidades, com prejuízo estimado em mais de US$ 300 mil, segundo Luís Madella, gerente de relações externas.
"A energia oscilou muito, o que prejudica os equipamentos", diz Madella. Se o blecaute demora mais de cinco horas, o alumínio solidifica dentro dos fornos.
As siderúrgicas também são afetadas, porque trabalham 24 horas por dia. A CSN informa que o forno havia sido desligado antes do blecaute para manutenção. A Usiminas informou que não teve problemas com a falta de energia.
A Suzano (papel e celulose) calcula um prejuízo de R$ 420 mil com as seis horas e meia de paralisação (foram três horas para retomar a operação).
Segundo Adhemar Magon, diretor-executivo, a Suzano tem que fazer paradas periódicas de manutenção e a empresa aproveitou o blecaute para antecipar tarefas da próxima parada programada.
Adauto Ponte, vice-presidente da Abifa (indústria da fundição), diz que o setor sofre duplamente: os fornos esfriam e, para retornar a produção, é preciso um tempo maior do que o do blecaute.
José Rogelio Medela, presidente do sindicato da indústria de refrigeração de São Paulo, diz que uma parada de até uma hora e meia não é suficiente para estragar os produtos. "A partir de duas ou três horas, começa a haver risco de estragar os produtos alimentícios, como congelados e frios", diz.
Para alguns setores da indústria farmacêutica que só operam com rigorosos controles de temperatura e filtragem, uma parada dessas pode levar à perda de lotes que estavam na linha de produção.
Segundo Medela, muitas empresas que não acreditavam em colapsos de energia haviam reduzido os custos com sistemas alternativos.
Lauro Moretto, vice-presidente do sindicato paulista da indústria de produtos farmacêuticos, diz que "é lamentável a indústria correr o risco de perder equipamentos com a variação de energia".
Mário Ceratti Benedetti, presidente do sindicato da indústria de carnes e derivados de São Paulo, diz que a única perda em seu frigorífico foi o atraso de quatro horas no descarregamento. "Os produtos estocados na câmara fria não foram afetados", diz.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ainda não têm um levantamento das perdas na indústria.
Pio Gavazzi, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp, diz que as mais afetadas são as indústrias de ciclo contínuo (celulose, fundição e vidros). Muitas não estão operando com três turnos.


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