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FOLIA
Embora com mais tradição do que os trios, grupos são pouco conhecidos
Blocos de Salvador resistem
à indústria do Carnaval
DANIELA FALCÃO
enviada especial a Salvador
LUIZ FRANCISCO
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha em Salvador
Longe dos holofotes das TVs, das
rádios e dos patrocinadores, blocos afros, de índios e afoxés lutam
para sobreviver em um Carnaval
que permite cada vez menos amadorismo. Embora tenham mais
tradição e história do que os blocos
de trio, esses grupos são quase desconhecidos fora de Salvador.
Com uma música menos comercial que o axé e o pagode dos trios
elétricos (quase não há instrumentos elétricos), os blocos sofrem
com a falta de recursos e lutam todos os anos para não sucumbir à
força da indústria do Carnaval.
Sobreviveram graças à determinação de seus integrantes e ao
apoio de "padrinhos" importantes. Caetano Veloso é presença certa na saída no Ilê Aiyê (afro) na
madrugada de sexta para sábado.
Gilberto Gil saiu no afoxé Filhos
de Gandhy e Carlinhos Brown
"adotou" o Apaches do Tororó.
A primeira diferença com os blocos de trio é a localização da sede.
Enquanto blocos como o Eva, Inter
Asa e Cheiro de Amor ficam em
shoppings nos bairros nobres, os
afros, índios e afoxés se localizam
em casas pequenas na periferia.
O horário e o local em que desfilam reforçam os contrastes. A
maioria dos tradicionais sai à noite
de suas sedes e só chega ao Campo
Grande no início da madrugada.
Os blocos de trio passam pelo
Campo Grande à tarde e concentram quase toda a atenção da mídia. Ou saem no circuito Barra-Ondina, onde está a maioria dos
hotéis de luxo e turistas dispostos a
pagar R$ 500 para pular três dias
protegidos por seguranças.
Filhos de Gandhy
Para comemorar 50 anos de fundação, o maior bloco carnavalesco
de Salvador, Filhos de Gandhy, foi
às ruas com 10 mil associados.
Além do meia Raí, do São Paulo,
também participaram do desfile os
cantores e compositores Caetano
Veloso e Gilberto Gil.
Com duas horas de atraso em relação à programação oficial, os primeiros integrantes do bloco de
afoxé só saíram da sede -um casarão centenário localizado no Pelourinho- às 17h de ontem.
Pela primeira vez nos últimos 20
anos, o desfile começou na praça
Municipal. O bloco foi fundado em
18 de fevereiro de 1949 e só aceita
homens entre seus associados.
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