São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

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NA TRILHA DE D. QUIXOTE 4

Umas piruetas com a natureza à mostra

Foragida da justiça por soltar os galeotes, a dupla busca refúgio na Serra Morena. Já dentro do labirinto agreste, D. Quixote resolve imitar seu herói Amadis de Gaula numa dura penitência, como prova de amor pela dama de seus pensamentos. Tira roupa e armadura, obriga Sancho a presenciar umas piruetas com as naturezas à mostra e o despacha para o povoado de El Toboso para dar testemunho a Dulcinéia das loucuras que é capaz de fazer em seu nome.
No caminho, porém, o fiel escudeiro é interceptado por aqueles dois inquisidores de livros, o padre e o barbeiro, que à força de ameaças conseguem arrancar-lhe o paradeiro de seu senhor. O par de amigos de D. Quixote urde então um plano para atraí-lo de volta ao lar: irão a seu encontro e um deles representará uma donzela desvalida, suplicando-lhe auxílio no mais irresistível estilo cavaleiresco.
Chegando à serra, os dois ainda têm a sorte de achar uma linda jovem que se oferece para atuar na farsa melhorada, no papel da usurpada princesa Micomicona.
Sancho, por seu turno, chamado à parte por seu senhor, faz um hilário relato do encontro que não teve com Dulcinéia, com direito a um curto e grosso recado de amor e pencas de anticlimáticos floreios.
O cavaleiro engole (ou faz de conta que) tanto as patranhadas de seu escudeiro quanto a pantomima dirigida pelo padre e deixa a serra rumo ao reino de Micomicão.


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