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Altitude diminui capacidade física
ISABEL GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL
No caso de uma eventual invasão do Afeganistão, os soldados
americanos deverão sofrer os
efeitos da altitude da região.
Caracterizado por um território
montanhoso, na maior parte situado numa altitude que varia de
700 m a 3.000 m, é de se esperar
que os afegãos se refugiem nas
montanhas mais altas. Isso prejudicará a atuação dos americanos.
"Acima de 2.000 m, existe uma
influência progressiva da redução
de oxigênio sobre a resistência física do organismo não acostumado com a altitude", explica o fisiologista Turíbio Leite de Barros,
coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
A uma altura de 2.000 m, o corpo perde 15% da resistência física.
Acima de 3.000 m, a perda já é de
30%. "A partir dessa altitude, esses valores passam a ser exponenciais", afirma Leite de Barros. A
4.000 m, por exemplo, a perda da
resistência chegaria a 50% da capacidade do organismo.
Isso ocorre porque, à medida
que a altitude aumenta, o oxigênio -que funciona como combustível celular- torna-se mais
rarefeito. Todo o metabolismo é
afetado devido à menor concentração desse gás na atmosfera.
"Células nervosas, musculares,
todas sofrem com a diminuição
de oxigênio", diz Leite de Barros.
Com isso, quando uma pessoa
que não está acostumada é exposta a essas condições, nas duas primeiras semanas podem surgir
sintomas que os médicos classificam como "mal das alturas".
Essa condição caracteriza-se
por dor de cabeça e vômito, podendo se agravar se o indivíduo
for mais suscetível à diminuição
de oxigênio. "A pessoa pode perder sais como sódio e potássio, o
que levaria à necessidade de internação", afirma o fisiologista.
Leite de Barros acrescenta que a
altitudes acima de 3.000 m é muito difícil que uma pessoa consiga
fazer exercícios prolongados. Salienta ainda que esse não seria o
caso dos afegãos, já adaptados às
condições locais.
"Se, no entanto, os soldados
americanos permanecerem por
um período de 30 a 60 dias na região, o organismo se torna capaz
de responder de maneira satisfatória ao ambiente local."
O fisiologista salienta que esse
período deve ser ininterrupto.
"Se, por alguma razão, a pessoa tiver que descer [da montanha",
começa tudo de novo, da estaca
zero, quando ela voltar".
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