São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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Altitude diminui capacidade física

ISABEL GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL

No caso de uma eventual invasão do Afeganistão, os soldados americanos deverão sofrer os efeitos da altitude da região.
Caracterizado por um território montanhoso, na maior parte situado numa altitude que varia de 700 m a 3.000 m, é de se esperar que os afegãos se refugiem nas montanhas mais altas. Isso prejudicará a atuação dos americanos.
"Acima de 2.000 m, existe uma influência progressiva da redução de oxigênio sobre a resistência física do organismo não acostumado com a altitude", explica o fisiologista Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A uma altura de 2.000 m, o corpo perde 15% da resistência física. Acima de 3.000 m, a perda já é de 30%. "A partir dessa altitude, esses valores passam a ser exponenciais", afirma Leite de Barros. A 4.000 m, por exemplo, a perda da resistência chegaria a 50% da capacidade do organismo.
Isso ocorre porque, à medida que a altitude aumenta, o oxigênio -que funciona como combustível celular- torna-se mais rarefeito. Todo o metabolismo é afetado devido à menor concentração desse gás na atmosfera.
"Células nervosas, musculares, todas sofrem com a diminuição de oxigênio", diz Leite de Barros.
Com isso, quando uma pessoa que não está acostumada é exposta a essas condições, nas duas primeiras semanas podem surgir sintomas que os médicos classificam como "mal das alturas".
Essa condição caracteriza-se por dor de cabeça e vômito, podendo se agravar se o indivíduo for mais suscetível à diminuição de oxigênio. "A pessoa pode perder sais como sódio e potássio, o que levaria à necessidade de internação", afirma o fisiologista.
Leite de Barros acrescenta que a altitudes acima de 3.000 m é muito difícil que uma pessoa consiga fazer exercícios prolongados. Salienta ainda que esse não seria o caso dos afegãos, já adaptados às condições locais.
"Se, no entanto, os soldados americanos permanecerem por um período de 30 a 60 dias na região, o organismo se torna capaz de responder de maneira satisfatória ao ambiente local."
O fisiologista salienta que esse período deve ser ininterrupto. "Se, por alguma razão, a pessoa tiver que descer [da montanha", começa tudo de novo, da estaca zero, quando ela voltar".


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