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Paulista é espancado e decide voltar
DA REPORTAGEM LOCAL
Às 20h30 de ontem, o estudante
santista Hermes Barbosa de Lima,
23, esperava a decolagem do vôo
31 da Continental Airlines rumo
ao Aeroporto Internacional de
Cumbica, em Guarulhos.
A estada de estudos nos EUA,
que deveria durar quatro anos, foi
reduzida a menos de oito meses.
Lima decidiu voltar ao Brasil depois de ter sido espancado por um
grupo de 15 jovens norte-americanos. Para ele, o grupo o confundiu com um imigrante árabe.
A agressão aconteceu por volta
das 21h da última quarta-feira, em
Bridgeport, no Estado de Connecticut (vizinho de Nova York).
Lima, como a maior parte dos
brasileiros nos EUA, faria mais
uma das inúmeras tentativas de
telefonar para a mãe, a aposentada Firmina de Aquino Barbosa Lima, 48, para dizer que estava bem,
apesar dos atentados terroristas.
Segundo Firmina, neta de judeus que mora em Vila Velha
(ES), o filho foi agredido antes
mesmo de chegar ao telefone público, a poucos metros do prédio
onde havia alugado um quarto.
"Primeiro, levou um soco na cabeça, que nem sabia de onde vinha. Olhou para trás e viu uns oito. Depois, chegaram mais sete",
disse a aposentada, para quem os
agressores devem ser perdoados,
pois agiram "no amargor da tristeza dos americanos".
Brancos e negros
O rapaz só conseguiu falar com
a mãe na quinta-feira. Ontem à
noite, a pedido dela, ligou para a
Folha. Ele contou que os agressores -15- tinham aproximadamente 20 anos. Havia brancos,
mas a maioria era de negros.
Cambaleando, segundo Lima,
ele recebeu outro soco. Em seguida, um chute. Ambos no rosto.
Depois, já no chão, uma sucessão
de chutes vindos de todos os lados. "Eles não falavam nada, só
batiam", disse o rapaz. A mãe havia dito que eles o chamavam de
árabe. Lima confirma já ter tido a
origem confundida, mas não lembra das falas dos agressores.
"Quando caí, todos me chutavam. Durou uma eternidade. De
repente, alguns se afastaram. Tentei levantar, mas recebi outros
chutes de três que tinham ficado.
Quando dois se afastaram, corri."
O estudante teve o nariz e um
dos braços quebrados. Conseguiu
chegar ao quarto e ligar para a polícia, mas os agressores não foram
localizados. Passou a noite em
claro e, de manhã, foi para a casa
de um amigo em Nova York.
Só na sexta, após procurar o
Consulado do Brasil em Nova
York, foi ao médico. Passou a usar
uma bandeira do Brasil amarrada
ao pulso. Com medo, decidiu voltar. "Aqui ele está protegido", diz
a mãe.
(SC e GA)
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