São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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Pacifistas se mobilizam contra a guerra

MARIA BRANT
DA REDAÇÃO

Os ataques da semana passada ao World Trade Center e ao Pentágono não foram um ato de guerra que merece uma reação militar, mas sim crime a ser investigado e julgado por organizações internacionais. Essa é a posição defendida por alguns grupos pacifistas e de defesa dos direitos humanos norte-americanos, que começam a se movimentar para lançar campanhas e organizar eventos contra uma possível declaração de guerra pelos EUA.
"Tanto organizações pacifistas quanto acadêmicos que estudam a política externa dos EUA sob um ponto de vista pragmático estão preocupados com a retórica militarista do presidente [George W.] Bush", disse à Folha Martha Honey, diretora do Departamento de Paz e Segurança do Institute for Policy Studies, um "think tank" com sede em Washington.
"Os ataques foram um crime contra a humanidade, mas nossa resposta precisa ser pautada pela busca de justiça, e não de vingança", afirmou Martha. "Temos bons exemplos de como esse tipo de crime pode ser tratado de forma diplomática e não militar, como o julgamento de [Slobodan] Milosevic no tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) em Haia (Holanda)."
A organização de Martha lançou ontem um documento contra uma possível guerra e favorável a uma "reação não-militar", a ser enviado a intelectuais e artistas de todo o país para que o assinem. As assinaturas devem ser enviadas à Câmara dos Deputados dos EUA amanhã à noite.
A organização pacifista American Friends Service Committee, uma das maiores dos EUA, está promovendo vigílias pelas vítimas e campanhas contra a guerra.
"Temos uma posição muito clara contra a violência, tanto na forma de atos terroristas quanto na forma de guerras", disse Dick Rested, diretor do departamento para a América Latina e o Caribe da organização. "Os ataques em Nova York e Washington devem ser encarados como crimes e qualquer ação militar, se houver -e somos contrários a que haja-, deve ser realizada pela ONU, depois que provas definitivas tiverem sido apresentadas ao Conselho de Segurança."
Outras organizações pacifistas, como a War Resisters International e a California Peace Action, diversos grupos religiosos e até mesmo associações feministas, como a National Organization for Women, e de médicos, como a Physicians for Social Responsibility, divulgaram declarações na última semana em que se manifestam contra uma resposta militar aos atos terroristas.
Outras organizações, como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, apesar de terem uma política de não se posicionar a respeito da decisão de um governo de declarar guerra ou não, emitiram notas pedindo ao governo americano que não fira "civis inocentes".



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