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Pacifistas se mobilizam contra a guerra
MARIA BRANT
DA REDAÇÃO
Os ataques da semana passada
ao World Trade Center e ao Pentágono não foram um ato de
guerra que merece uma reação
militar, mas sim crime a ser investigado e julgado por organizações
internacionais. Essa é a posição
defendida por alguns grupos pacifistas e de defesa dos direitos humanos norte-americanos, que começam a se movimentar para lançar campanhas e organizar eventos contra uma possível declaração de guerra pelos EUA.
"Tanto organizações pacifistas
quanto acadêmicos que estudam
a política externa dos EUA sob
um ponto de vista pragmático estão preocupados com a retórica
militarista do presidente [George
W.] Bush", disse à Folha Martha
Honey, diretora do Departamento de Paz e Segurança do Institute
for Policy Studies, um "think
tank" com sede em Washington.
"Os ataques foram um crime
contra a humanidade, mas nossa
resposta precisa ser pautada pela
busca de justiça, e não de vingança", afirmou Martha. "Temos
bons exemplos de como esse tipo
de crime pode ser tratado de forma diplomática e não militar, como o julgamento de [Slobodan]
Milosevic no tribunal da ONU
(Organização das Nações Unidas)
em Haia (Holanda)."
A organização de Martha lançou ontem um documento contra
uma possível guerra e favorável a
uma "reação não-militar", a ser
enviado a intelectuais e artistas de
todo o país para que o assinem. As
assinaturas devem ser enviadas à
Câmara dos Deputados dos EUA
amanhã à noite.
A organização pacifista American Friends Service Committee,
uma das maiores dos EUA, está
promovendo vigílias pelas vítimas e campanhas contra a guerra.
"Temos uma posição muito clara contra a violência, tanto na forma de atos terroristas quanto na
forma de guerras", disse Dick
Rested, diretor do departamento
para a América Latina e o Caribe
da organização. "Os ataques em
Nova York e Washington devem
ser encarados como crimes e
qualquer ação militar, se houver
-e somos contrários a que haja-, deve ser realizada pela ONU,
depois que provas definitivas tiverem sido apresentadas ao Conselho de Segurança."
Outras organizações pacifistas,
como a War Resisters International e a California Peace Action, diversos grupos religiosos e até
mesmo associações feministas,
como a National Organization for
Women, e de médicos, como a
Physicians for Social Responsibility, divulgaram declarações na
última semana em que se manifestam contra uma resposta militar aos atos terroristas.
Outras organizações, como a
Human Rights Watch e a Anistia
Internacional, apesar de terem
uma política de não se posicionar
a respeito da decisão de um governo de declarar guerra ou não,
emitiram notas pedindo ao governo americano que não fira "civis inocentes".
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