São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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Gastos começam a perder fôlego a partir de 1997

ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos primeiros anos do governo tucano, 11,7 milhões de brasileiros saíram das classes de menor poder aquisitivo e subiram um degrau na escala social. O consumo de produtos supérfluos disparou. As vendas de amaciantes de roupa subiram 374%; requeijão, 284%, e cremes e loções, 183%. A renda média do trabalhador pulou de R$ 769, em 1992, para R$ 1.098, em 1996, o melhor ano.
Tamanha bonança, porém, não perdurou. O consumo começou a perder fôlego a partir de 1997 e a renda, a encolher. O soluço inflacionário no final de 2002 só complicou mais o cenário. A subida de preços passou a "comer" parte da renda de forma gradativa. Em setembro de 2002, o valor médio da renda ficou em R$ 800, um dos patamares mais baixos nos anos do real.
Com menos recursos no bolso, o brasileiro passou a consumir com limites e a trocar produtos: só adquire o que é essencial e barato. Com isso, o faturamento real do varejo paulista deve crescer só 1,2% em 2002.
O freio nas compras, a retração da renda e o desemprego, que se mantém elevado, quebraram o encanto do início do Plano Real. Ainda assim, o país, na análise de especialistas ouvidos pela Folha, está numa situação mais confortável do que há oito anos.
Houve o fim da elevada inflação que o país vivia no início dos anos 90 -em 1993, o IGP-DI bateu em 2.708%- além de um incremento da renda e aumento da competitividade das empresas.
De meados de 1994 ao início de 1995, os empréstimos aos brasileiros, para compras no mercado, subiram de R$ 3 bilhões para R$ 26 bilhões. Os gastos com bens de consumo final, como carros, vestuários e eletrodomésticos saltaram de US$ 5,5 bilhões em 1994 para US$ 10,7 bilhões em 1995.
A queda no consumo só ocorreu a partir de 1997, com a alta inadimplência. E depois com a queda na renda e o desemprego.


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