São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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Pobreza diminui, mas sociedade ainda é injusta

DA REPORTAGEM LOCAL

A pobreza diminuiu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas a sociedade brasileira continuou injusta. Com o fim da inflação, milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza. O governo, porém, fez pouco para diminuir a concentração de riqueza.
O Plano Real reduziu a inflação, que corroía principalmente a renda dos mais pobres. Segundo estimativa da pesquisadora Sônia Rocha, do Ipea, de 1993 a 1995 a renda do grupo dos 10% mais pobres mais que dobrou em termos reais.
O resultado: a proporção de pobres caiu de 41,7% em 1993, para 33,5%, em 1999. Apesar da melhora, os dados mostram que mais de um terço da população brasileira ainda não ganha o suficiente para pagar pelos itens básicos para a sobrevivência -conceito de "pobre" para os institutos de pesquisa.
Nos anos FHC, mais de 10 milhões de brasileiros deixaram de ser pobres. A diferença entre os pobres e os ricos, no entanto, não mudou. Um brasileiro do grupo dos 10% mais ricos ganha, em média, mais de 30 vezes o que recebe os que estão entre os 10% mais pobres. Esta relação, segundo o Ipea, não tem precedentes no mundo. Em apenas quatro países, incluindo o Brasil, ela é maior do que 20. Apenas no Brasil é maior do que 30.
O governo fez pouco para diminuir as desigualdades. Se os gastos sociais subiram 20% de 1995 a 2001, no mesmo período as receitas do governo subiram 31%. Ou seja, o gasto social perdeu espaço no Orçamento.
Do gasto social total, 70% são relativos à Previdência Social. O economista Guilherme Delgado, do Ipea, avalia que pelo menos metade da redução da pobreza foi possível graças à expansão dos benefícios da Previdência para a população das áreas rurais.
Hoje, quase 3.500 municípios recebem mais recursos da Previdência do que do Fundo de Participação dos Municípios. Em muitos casos, a Previdência é a principal fonte de renda dos municípios mais pobres.


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