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Pobreza diminui,
mas sociedade
ainda é injusta
DA REPORTAGEM LOCAL
A pobreza diminuiu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas a
sociedade brasileira continuou injusta. Com o fim da
inflação, milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza. O governo, porém, fez
pouco para diminuir a concentração de riqueza.
O Plano Real reduziu a inflação, que corroía principalmente a renda dos mais
pobres. Segundo estimativa
da pesquisadora Sônia Rocha, do Ipea, de 1993 a 1995 a
renda do grupo dos 10%
mais pobres mais que dobrou em termos reais.
O resultado: a proporção
de pobres caiu de 41,7% em
1993, para 33,5%, em 1999.
Apesar da melhora, os dados
mostram que mais de um
terço da população brasileira ainda não ganha o suficiente para pagar pelos itens
básicos para a sobrevivência
-conceito de "pobre" para
os institutos de pesquisa.
Nos anos FHC, mais de 10
milhões de brasileiros deixaram de ser pobres. A diferença entre os pobres e os ricos, no entanto, não mudou.
Um brasileiro do grupo dos
10% mais ricos ganha, em
média, mais de 30 vezes o
que recebe os que estão entre
os 10% mais pobres. Esta relação, segundo o Ipea, não
tem precedentes no mundo.
Em apenas quatro países, incluindo o Brasil, ela é maior
do que 20. Apenas no Brasil
é maior do que 30.
O governo fez pouco para
diminuir as desigualdades.
Se os gastos sociais subiram
20% de 1995 a 2001, no mesmo período as receitas do
governo subiram 31%. Ou
seja, o gasto social perdeu espaço no Orçamento.
Do gasto social total, 70%
são relativos à Previdência
Social. O economista Guilherme Delgado, do Ipea,
avalia que pelo menos metade da redução da pobreza foi
possível graças à expansão
dos benefícios da Previdência para a população das
áreas rurais.
Hoje, quase 3.500 municípios recebem mais recursos
da Previdência do que do
Fundo de Participação dos
Municípios. Em muitos casos, a Previdência é a principal fonte de renda dos municípios mais pobres.
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