|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dengue explode; vacinação se expande
DA SUCURSAL DO RIO
O último ano do duplo mandato de FHC, 2002, foi marcado pela
maior epidemia de dengue da história do Brasil. Pelo menos desde
que a notificação da doença se
tornou obrigatória, na década de
1990. Já se contabilizam 736 mil
casos, com 134 mortes.
O Ministério da Saúde trocou
acusações com governos municipais e estaduais, principalmente o
do Rio de Janeiro, maior foco da
doença, sobre a responsabilidade
pela expansão da dengue.
O ministério foi acusado de ter
cometido erros na transferência
da execução do combate às prefeituras e de precipitação ao dispensar milhares de agentes sanitários.
O verão de 2003, ao contrário do
anterior, foi precedido por um dia
nacional de mobilização contra o
mosquito transmissor.
Celebrada neste ano em 23 de
novembro, a data será mantida
nos próximos anos, segundo a
Fundação Nacional de Saúde.
Também foi ruim ou limitado o
resultado do combate a doenças
como hanseníase e leishmaniose
visceral e tegumentar.
Por outro lado, o país avançou
na contenção de numerosas
doenças, como tétano neonatal,
difteria, coqueluche e sarampo.
Há mais de um ano e meio não há
registro de sarampo infectado.
Houve progresso na vacinação.
Doenças transmissíveis como sarampo, tuberculose na infância,
difteria, tétano e coqueluche passaram ou continuaram a ter cobertura vacinal de 100%.
Mutirões encolheram filas para
certas cirurgias. Mas, para outros
tipos, elas aumentaram. Houve
3.932 transplantes em 1997 e 7.229
em 2001. Milhares de pessoas ainda esperam a vez.
"A saúde é melhor do que ontem e amanhã será melhor do que
hoje", afirma o ministro da Saúde,
Barjas Negri, que substituiu José
Serra em fevereiro passado.
As desigualdades regionais,
amenizadas em alguns aspectos,
se avolumaram em outros. O
Nordeste, região onde há o maior
índice de mortalidade infantil, recebe 40% das equipes de saúde da
família, de acordo com o governo.
Mas uma dissertação de mestrado defendida neste ano aponta a
manutenção e até a ampliação
dos contrastes no país.
O trabalho foi apresentado pelo
médico sanitarista Domício Aurélio de Sá no Centro de Pesquisas
Aggeu Magalhães, da Fundação
Oswaldo Cruz, em Recife.
Mostra, por exemplo, o quadro
de atendimento odontológico no
SUS (Sistema Único de Saúde).
Houve 1,54 consulta anual por
pessoa no Sul, 1,48 no Sudeste,
1,39 no Centro-Oeste, 0,74 no
Nordeste e 0,53 no Norte.
O abismo chegou a aumentar.
De 1995 a 2000, os procedimentos
odontológicos cresceram 83% no
Sul (de 0,84 para 1,54). No Norte,
região que já estava atrás, o pulo
foi apenas de 23% (de 0,43 para
0,53 consulta anual por pessoa).
Em 2000, o SUS teve mais consultas médicas no Sudeste (2,17
por pessoa) e no Sul (1,96). Depois, classificaram-se as regiões
Centro-Oeste (1,76), Nordeste
(1,63) e Norte (1,36).
Na opinião de Barjas Negri, só
em alguns anos os balanços sobre
a saúde nos anos FHC darão conta de uma análise mais profunda.
Para o ministro, "as políticas do
governo Fernando Henrique Cardoso, principalmente na saúde e
na educação, foram os mais importantes processos de inclusão
social do período contemporâneo. Apenas o tempo e estudos
posteriores irão comprovar a total
dimensão disso".
(MM)
Texto Anterior: Saúde: Redução da mortalidade infantil é mais lenta; luta contra a Aids é sucesso Próximo Texto: Educação: Número de estudantes é recorde; desigualdade na educação aumenta Índice
|