São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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Dengue explode; vacinação se expande

DA SUCURSAL DO RIO

O último ano do duplo mandato de FHC, 2002, foi marcado pela maior epidemia de dengue da história do Brasil. Pelo menos desde que a notificação da doença se tornou obrigatória, na década de 1990. Já se contabilizam 736 mil casos, com 134 mortes.
O Ministério da Saúde trocou acusações com governos municipais e estaduais, principalmente o do Rio de Janeiro, maior foco da doença, sobre a responsabilidade pela expansão da dengue.
O ministério foi acusado de ter cometido erros na transferência da execução do combate às prefeituras e de precipitação ao dispensar milhares de agentes sanitários.
O verão de 2003, ao contrário do anterior, foi precedido por um dia nacional de mobilização contra o mosquito transmissor.
Celebrada neste ano em 23 de novembro, a data será mantida nos próximos anos, segundo a Fundação Nacional de Saúde.
Também foi ruim ou limitado o resultado do combate a doenças como hanseníase e leishmaniose visceral e tegumentar.
Por outro lado, o país avançou na contenção de numerosas doenças, como tétano neonatal, difteria, coqueluche e sarampo. Há mais de um ano e meio não há registro de sarampo infectado.
Houve progresso na vacinação. Doenças transmissíveis como sarampo, tuberculose na infância, difteria, tétano e coqueluche passaram ou continuaram a ter cobertura vacinal de 100%.
Mutirões encolheram filas para certas cirurgias. Mas, para outros tipos, elas aumentaram. Houve 3.932 transplantes em 1997 e 7.229 em 2001. Milhares de pessoas ainda esperam a vez.
"A saúde é melhor do que ontem e amanhã será melhor do que hoje", afirma o ministro da Saúde, Barjas Negri, que substituiu José Serra em fevereiro passado.
As desigualdades regionais, amenizadas em alguns aspectos, se avolumaram em outros. O Nordeste, região onde há o maior índice de mortalidade infantil, recebe 40% das equipes de saúde da família, de acordo com o governo.
Mas uma dissertação de mestrado defendida neste ano aponta a manutenção e até a ampliação dos contrastes no país.
O trabalho foi apresentado pelo médico sanitarista Domício Aurélio de Sá no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, em Recife.
Mostra, por exemplo, o quadro de atendimento odontológico no SUS (Sistema Único de Saúde). Houve 1,54 consulta anual por pessoa no Sul, 1,48 no Sudeste, 1,39 no Centro-Oeste, 0,74 no Nordeste e 0,53 no Norte.
O abismo chegou a aumentar. De 1995 a 2000, os procedimentos odontológicos cresceram 83% no Sul (de 0,84 para 1,54). No Norte, região que já estava atrás, o pulo foi apenas de 23% (de 0,43 para 0,53 consulta anual por pessoa).
Em 2000, o SUS teve mais consultas médicas no Sudeste (2,17 por pessoa) e no Sul (1,96). Depois, classificaram-se as regiões Centro-Oeste (1,76), Nordeste (1,63) e Norte (1,36).
Na opinião de Barjas Negri, só em alguns anos os balanços sobre a saúde nos anos FHC darão conta de uma análise mais profunda.
Para o ministro, "as políticas do governo Fernando Henrique Cardoso, principalmente na saúde e na educação, foram os mais importantes processos de inclusão social do período contemporâneo. Apenas o tempo e estudos posteriores irão comprovar a total dimensão disso". (MM)


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