São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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Em baixa pelo país, "Felipinhos" voltam ao seu RS natal

Em três anos, técnicos gaúchos caem pela metade no Brasil e são maioria apenas no Estado


Em 2001, quando Scolari comandava a seleção, oito times começaram o Brasileiro com técnicos gaúchos; agora são só quatro, dois no RS


Eles expandiram seus tentáculos por todo o país. Agora, em baixa, encontraram abrigo justamente na terra natal. O Rio Grande do Sul é o Estado representado no Brasileiro que dá mais dá espaço para técnicos da casa em 2004. Internacional (Lori Sandri) e Juventude (Ivo Wortmann) serão comandados na competição por gaúchos. O Grêmio terá Adilson Batista, que nasceu no Paraná, mas fez fama como jogador justamente no clube que hoje dirige.
Os três clubes, depois de experiências fracassadas com gente de fora, buscam resgatar os tempos de glórias, quando eram treinados por gaúchos. O Grêmio foi campeão mundial com Valdyr Espinosa, em 1983. O Internacional é até hoje o único campeão brasileiro invicto. Isso aconteceu em 1979, com o gaúcho Ênio Andrade, que foi campeão também depois com o Grêmio. O Juventude ganhou a Copa do Brasil, em 1999, com Valmir Louruz, um dos melhores amigos de Luiz Felipe Scolari.
O estilo gaúcho só sobrevive fora das fronteiras do Rio Grande do Sul no Goiás, com Celso Roth, e no Atlético-MG, com Bonamigo.
Quando Scolari reinava na seleção com seu discurso de muita pegada, marca do futebol da sua terra, a situação era bem diferente. Em 2001, o Brasileiro começou com oito clubes sob o comando de treinadores gaúchos.
E, diferente do que ocorre agora, a maioria deles estava em outras partes do país. Dos oito treinadores do Rio Grande do Sul no início do Nacional de três anos atrás, sete eram forasteiros em seus empregos.
O Internacional apostou no carioca Carlos Alberto Parreira, e o Juventude tinha o goiano Zé Teodoro como técnico.
Sem ganhar um título nacional desde 1996, quando o Grêmio foi campeão com Scolari, os clubes do Estado mais austral do país querem voltar às raízes para reencontrar o sucesso.
"Além de usar a garra gaúcha, queremos ficar com a bola o maior tempo possível. Se consolidarmos essa fusão, vai ser ótimo", explica Lori Sandri, que tem sua primeira chance de treinar uma grande equipe da sua terra.
Adilson Batista adotou o discurso da raça desde o ano passado, quando pegou o Grêmio na lanterna e conseguiu salvar o time de seu segundo rebaixamento à segunda divisão. Ele também adota com certa freqüência o 3-5-2, esquema normalmente utilizado pelos treinadores gaúchos e que consagrou Scolari na Copa-02. Em jogo contra o Fluminense, pela Copa do Brasil, na semana passada, Adilson chegou a usar os dois esquemas -começou perdendo com o 4-4-2 e só conseguiu chegar ao empate com os três zagueiros.
Ivo Wortmann assumiu o Juventude no final de março credenciado pelo bom trabalho feito no Goiás. No time do Centro-Oeste, ele venceu nove de 12 jogos disputados, mas foi demitido por desentendimentos com os cartolas.
Fora do Rio Grande do Sul, o Campeonato Brasileiro começa com o mercado dos treinadores agitado. Primeiro porque Wanderley Luxemburgo, atual campeão e o único homem da prancheta com quatro títulos nacionais, está desempregado, e sua sombra ameaça os colegas de profissão.
Outros nomes famosos passam por fase turbulenta. Depois de desentendimentos com Marcelo Teixeira, presidente do Santos, Emerson Leão ficou ameaçado no clube que comanda desde 2002. Os outros grandes paulistas têm treinadores hoje trabalhando sob forte pressão, especialmente Corinthians (Oswaldo de Oliveira) e Palmeiras (Jair Picerni).
No Rio, Geninho, do Vasco, ficou com a imagem arranhada depois de ter sido flagrado em um treino ordenando que seus zagueiros marcassem os rivais com violência, em recado endereçado ao flamenguista Felipe.

O Luiz Felipe [Scolari] é o criador da escola gaúcha seguida pelo Adílson, pautada pela garra, pela ocupação de espaços, pelo estilo gaúcho

Flávio Obino presidente do Grêmio


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