São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004 |
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"Periféricos" desafiam isolamento e tabu
Vitória, Goiás e Paysandu são representantes únicos de seus Estados, situação que jamais levou ao título
Como não bastasse enfrentar a esmagadora hegemonia do Sul-Sudeste, os times do Nordeste, Norte e Centro-Oeste vão desafiar um tabu histórico. Eles são filhos únicos, e isso, pelo retrospecto do Campeonato Brasileiro, é péssimo. Vitória, Paysandu e Goiás têm contra si uma rotina que vem desde a primeira edição da competição, em 1971. Jamais um representante único de um Estado levantou a taça. O campeão sempre teve concorrência estadual. Só o Santos, em 2002, ficou com um título não tendo um adversário da mesma cidade na competição. A missão do trio sem inimigos se torna ainda mais complicada por uma particularidade do campeonato que começa amanhã. Os três são também representantes isolados de suas regiões, e isso custa caro e cansa. Sem jogos em cidades ou Estados vizinhos, Goiás, Paysandu e Vitória terão que viajar muito para cumprir a tabela. No ano passado, quando também era o único time paraense e nortista, o Paysandu, segundo estimativa de seus dirigentes, percorreu cerca de 110 mil quilômetros para fazer seus 23 jogos como visitante. "A rivalidade e o revanchismo fortalecem os clubes. Para nós, seria muito melhor ter um adversário local mais competitivo, no Brasileiro ou em qualquer campeonato", afirma o presidente do Goiás, Raimundo Queiroz. No ano passado, o clube foi nono na Série A. O Vila Nova penou na Série B. O entrave mais concreto, porém, é econômico. Goiás e Vitória recebem da TV metade da receita destinada aos grandes do Rio e São Paulo. O Paysandu, nem isso. O homem forte do Vitória, Paulo Carneiro, avalia que, com a adoção dos pontos corridos e o respeito ao acesso e ao descenso, a concentração de clubes do Sul e do Sudeste pode até aumentar. "Não houve exclusão, mas relocação. Com esse sistema, prevalece quem tem estrutura e planejamento." Dono de uma das categorias de base mais prósperas do país, o Vitória resolveu aliar suas revelações a nomes consagrados, como os pentacampeões Edílson e Vampeta. Já o Paysandu tem como principal trunfo a força das bilheterias. Em 2002, foi o campeão de público, com média superior a 23 mil pagantes por jogo. Em 2003, mesmo mal (safou-se do rebaixamento na última rodada), foi o terceiro que mais vendeu ingressos. O Goiás faz uma mescla dos trunfos dos rivais: formou um time cheio de garotos e tem bom público no Serra Dourada. A seletividade é uma tendência natural no futebol. O campeonato de pontos corridos só acelera esse processo Paulo Carneiro presidente do Vitória S.A. Texto Anterior: Em baixa pelo país, "Felipinhos" voltam ao seu RS natal Próximo Texto: O Brasileiro que (quase) não existiu Índice |
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