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Hábito de dar presentes afeta o Japão
de Washington
Com o segundo maior mercado
do mundo, o Japão descobriu nos
últimos dois anos que a falta de leis
e de fiscalização rigorosa contra o
uso criminoso de informações privilegiadas podem ser altamente
prejudiciais a sua economia.
Ao contrário dos EUA, não há no
país lei específica contra o mercado negro de informações. Como
resultado, combateu-se a sucessão
de escândalos com uma lei "capenga" que pune funcionários públicos acusados de receber propina.
Embora tenham levado vários
indiciados ao suicídio, os resultados das fiscalizações têm sido considerados frágeis na educação dos
mercados e no combate a casos futuros. Os compradores de informações raramente são presos ou
sofrem os constrangimentos que
os funcionários públicos (geralmente de baixo escalão) detidos.
A lei tributária japonesa estimula
empresas a dar presentes a funcionários públicos. Tudo faz parte da
cultura do país e estimula a prática
de "insider trading".
Casos recentes revelam a particularidade da economia do país.
Yasuyuki Yoshizawa, diretor da
divisão de mercados do banco central japonês, foi acusado em 98 de
ter entregue informações confidenciais ao Banco Industrial do Japão e ao Sanwa Bank. Em troca, ele
teria recebido refeições em restaurantes de luxo e cursos de golfe.
Yasuyuki ocupava uma posição
vital para os bancos privados, comandando uma divisão que determina parâmetros para a fixação
dos juros de curto prazo no mercado. Essas taxas influenciam quase
tudo na economia, desde a remuneração de investimentos, de títulos e até da hipoteca de residências.
O funcionário era responsável,
também, por compilar uma publicação interna quadrimestral do
banco central, conhecida como
"Tankan", que faz uma análise do
mercado e sugere quando e em que
intensidade o banco central deve
alterar as taxas de juro. Quando divulgada, a publicação costuma alterar o câmbio e a Bolsa de Tóquio.
Noitadas
Durante anos, Toshimi Taniuchi,
inspetor do Ministério das Finanças encarregado de fiscalizar bancos, frequentou um restaurante
somente para sócios em Shinjuko,
o bairro das boates da cidade.
As noitadas de Taniuchi eram
pagas por quatro dos maiores bancos japoneses: Asahi Bank, Sanwa,
Dai-Ichi Kangyo Bank e Hokkaido. Em troca das noitadas, ele contava aos bancos as datas em que
inspeções seriam efetuadas no
mercado financeiro.
(MA)
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