São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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Centralização política culminou na ditadura

DA REDAÇÃO

A Revolução de 1930 selou o domínio político das oligarquias agroexportadoras, cuja expressão institucional era uma Federação de governos estaduais autônomos, e a substituiu por um Estado nacional centralizado, cuja base social eram os setores produtivos voltados para o mercado interno.
Essa transição foi acelerada pela crise de 1929, que abalou todos os segmentos exportadores, notadamente a cafeicultura. E é a oligarquia paulista que oferece a maior resistência a essa reorientação da política econômica. Após a derrota de 1930, o Partido Republicano Paulista conseguiu rearticular os produtores rurais e as classes médias em torno de um projeto que, sob a bandeira da constitucionalização do país, visava restaurar sua hegemonia política.
A Revolução Constitucionalista foi deflagrada em 9 de julho. A elite paulista contava com a adesão das oligarquias mineira e gaúcha, desiludidas com o governo, mas o apoio prometido não veio. Isoladas, as tropas rebeldes se renderam em outubro. Apesar da vitória, Vargas foi obrigado a convocar eleições para a Assembléia Constituinte em 1933. Ele não conseguiu organizar um partido nacional, mas as legendas regionais dos interventores venceram em todos os Estados, com exceção de São Paulo, Ceará e Rio Grande do Norte. Ao final da Constituinte, em 17 de julho de 1934, a Assembléia elegeu Vargas para a Presidência por 173 votos contra 59 dados a Borges de Medeiros, apoiado pelos paulistas.
Com as oligarquias debilitadas, o cenário político se polariza entre a Aliança Integralista Brasileira, de inspiração fascista, e a Aliança Nacional Libertadora, sob a liderança do PCB. Em 23 de novembro de 1935, os comunistas deflagram um levante, logo sufocado, e Vargas aproveita para decretar medidas de exceção. O governador paulista Armando de Salles Oliveira lança sua candidatura à Presidência, apoiada pelas oligarquias, mas o governo divulga um documento forjado (Plano Cohen) anunciando nova ofensiva comunista. Com esse pretexto, Vargas fecha o Congresso em 10 de novembro de 1937 e instaura uma ditadura: o Estado Novo.


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