São Paulo, terça, 24 de março de 1998

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Gêneros musicais

Cantata - Originalmente uma peça cantada, na qual uma pessoa recitava um drama em verso acompanhada por um único instrumento. No século 17, o acompanhamento se torna mais complexo e elaborado. No século 18, as cantatas passaram a ser escritas para coros com diversos solistas, algumas vezes com prelúdios e interlúdios orquestrais

Concerto - Essa palavra tem dois sentidos em português:
1) qualquer performance pública de música. O concerto oferecido ao público em geral, com entrada paga, surge na passagem do século 18 para o 19, respondendo ao crescimento de uma classe média nas cidades. Antes disso, a música só era apresentada na corte, na igreja, ou em casas particulares.
2) Peça musical, de grande escala, que opõe um ou mais instrumentos solistas à orquestra. Nos séculos 17 e 18, muitos "concertos" são simplesmente peças para conjunto. O "concerto grosso" barroco é uma composição em que um grupo da orquestra tem papel proeminente em relação ao resto do conjunto (os "Concertos Brandenburgueses" de Bach são um bom exemplo). A partir de meados do século 18, o concerto assume cada vez mais a noção de um contraste dramático entre um solista e a orquestra inteira. Esta idéia moderna do concerto deriva, em boa parcela, das árias e cenas operísticas, com o papel dramático e musical do cantor assumido pelo instrumento solista.
Lista seleta de concertos:
1. J. S. Bach (1685-1750), "Concertos para violino e orquestra"
2. Vivaldi (1678-1741), "As Quatro Estações"
3. Mozart (1756-91), "Concerto ns. 20 e 21 para piano e orquestra"
5. Beethoven (1770-1827), "Concertos 3, 4 e 5 para piano e orquestra"
9. Bartók (1881-1945), Concerto para orquestra

Estudo - Composição musical de forma livre, que favorece o desenvolvimento técnico do instrumentista
Fantasia - Composição instrumental sem forma determinada

Fuga - Forma complexa de composição polifônica com base em um tema (o "sujeito"), que é apresentado sob várias formas, geralmente acompanhado por um tema secundário ("contra-sujeito")

Lied - Termo alemão que designa todas as formas vocais simples. A palavra é usualmente empregada para designar as canções eruditas alemãs (Schubert, Schumann, Brahms, Mahler, Strauss)

Oratório - Genêro musical dramático, de tema religioso, com solos, coro e orquestra

Poema Sinfônico - Grande composição para orquestra sinfônica, exprimindo uma ação

Prelúdio - Originalmente, era o trecho que antecedia uma Fuga; depois, tornou-se uma peça de estilo livre.

Rapsódia - Composição musical sobre temas de melodias folclóricas

Réquiem - Música sacra destinada às missas pelas almas dos mortos

Sinfonia - A palavra "sinfonia" vem do grego e significa "reunião de vozes". No início do período barroco, uma sinfonia é simplesmente uma peça para vários instrumentos, com ou sem vozes humanas. Mais tarde, em meados do século 18, a sinfonia passa a designar uma peça para orquestra, que serve de "abertura" para um balé ou ópera. O desenvolvimento dessas aberturas e sua divisão em três ou mais movimentos leva à sinfonia do período clássico, que é o modelo por excelência do que se conhece hoje por sinfonia. Se a música de câmara tem analogias com a poesia lírica, a sinfonia é o equivalente musical do romance: uma peça em grande escala, com várias camadas de interesse, unificadas por um ou mais motivos centrais. A sinfonia adota os princípios de construção da sonata para o idioma orquestral. No curso do século 19, o modelo da sinfonia clássica vê-se expandido de muitas formas: desde a sinfonia que interliga todos os movimentos, sem pausa, até o poema sinfônico, as formas "cíclicas" e as grandes sinfonias da virada do século, em muitos movimentos e chegando a mais de 90 minutos de duração. O espírito sinfônico exige controle da relação entre os movimentos, tanto quanto dos elementos internos de cada um. A sinfonia clássica é um gênero público, por oposição à música de câmara, privada. Essa distinção vai perdendo valor ao longo do romantismo, quando a sinfonia se torna um dos principais meios de expressão pessoal do compositor. No século 20, a forma sinfônica cai em relativo desuso. Uma peça como "La Mer" (1904) de Debussy ainda pode ser descrita como sinfonia; mas "A Sagração da Primavera" de Stravinski (1913) já faz da orquestra o veículo para uma outra idéia de música. Quando o nome "sinfonia" é empregado por compositores como Messiaen ou Berio, a palavra não se refere mais aos modelos da sinfonia clássica e romântica, e em certa medida retorna ao seu sentido original.
Lista seleta de sinfonias:
1. C. P. E. Bach (1714-88), Sinfonias "Hamburgo"
2. Mozart (1756-91), Sinfonias (39, 40 e 41).
3. Beethoven (1770-1827), Sinfonias (1 a 9)
4. Berlioz (1803-69), Sinfonia "Fantástica"
5. Brahms (1833-97), Sinfonias (1 a 4)

Sonata - A palavra "sonata" quer dizer muitas coisas diferentes ao longo da história da música. Mas quando se fala em sonata, hoje, via de regra está-se fazendo referência ao modelo clássico da sonata, consolidado por Mozart e Haydn em fins do século 18 e posteriormente expandido por Beethoven, Schubert, Liszt e outros no 19. É importante diferenciar a sonata (uma composição tonal, geralmente em três ou mais movimentos (allegro, adagio, rondó, por exemplo), para um instrumento acompanhado ou não da "forma-sonata", que aparece não só em certos movimentos de uma sonata (quase sempre o primeiro), mas também em muitos outros tipos de peça, como a sinfonia e o concerto. No romantismo, depois de Beethoven, a sonata será um veículo do "sublime", assumindo na música o mesmo papel do épico na poesia ou dos grandes painéis históricos na pintura. A sonata romântica libera-se cada vez mais do modelo clássico e pode incorporar outros gêneros (como a fuga e a fantasia). No século 20, a sonata continua em uso nas mãos de compositores tão diversos como Debussy e Prokofiev, Boulez e Elliott Carter. Ela implica sempre, em alguma medida, uma visão classicista da música. A forma-sonata é mais propriamente uma forma de pensar a composição do que um molde específico. A sonata está para a música de câmara como a sinfonia para a orquestra: são as duas formas centrais do período tonal. O modelo escolástico da forma-sonata foi definido por A. B. Marx, em 1845 e consiste no seguinte: 1. exposição, com dois grupos temáticos, o primeiro na tônica e o segundo na dominante; 2. desenvolvimento, onde os temas são trabalhados em regiões harmônicas distantes; 3. recapitulação, que traz de volta os temas na tônica. O modelo não é prescritivo -serve mais de centro abstrato para onde convergem todas essas composições, que são sempre variações da forma-sonata. O mais importante na forma-sonata é a maneira como as possibilidades narrativas e dramáticas da tonalidade são desencadeadas.
Lista seleta de sonatas:
1. Domenico Scarlatti (1685-1757), Sonatas para cravo.
2. Haydn (1732-1809), Sonata para piano em mi bemol maior, Hob XVI: 52.
3. Mozart (1756-91), Sonatas para piano K. 310, 330 e 333.
4. Beethoven (1770-1827), Sonatas para piano op. 31/2 ("A Tempestade'), op. 57 ("Appassionata'), op. 106 ("Hammerklavier"), op. 110 e 111.
5. Debussy (1862-1918), Sonata para flauta, viola e harpa.

Suíte - Na Renascença, era uma sequência de danças executadas por conjuntos musicais, todas no mesmo tom, que se tornaram progressivamente menos dançáveis.

Tocata - Designação antiga de composição musical para instrumento de teclado.



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