São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2001

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COMBATE
Guerrilha diz ter conquistado cidades ao norte; EUA afirmam que sua mobilização é mundial

Grupo anti-Taleban relata avanço

KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A PESHAWAR

A Aliança do Norte, movimento afegão que combate o Taleban, afirmou ontem que conquistou cidades no Afeganistão, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos aumentaram sua presença militar na região, enviando equipamento para o Uzbequistão e planejando para depois de amanhã a chegada de bombardeiros B-52 a uma base aérea em Quetta, no oeste do Paquistão.
Quetta é a cidade paquistanesa mais próxima do sudeste afegão, onde supostamente Osama Bin Laden tem suas bases de treinamento de terroristas. Quetta seria um importante ponto de apoio para ataques militares rápidos a supostos esconderijos de Bin Laden, cujo paradeiro o Taleban disse ontem desconhecer. Candahar, cidade afegã onde se concentra a cúpula do Taleban, também fica próxima a Quetta.
Se confirmados os avanços das forças de oposição ao Taleban, o regime de Cabul aumentará o seu isolamento. Nos últimos três dias, os rebeldes atacaram forças do governo afegão, segundo Abdullah Abdullah, ministro das Relações Exteriores do governo que foi derrubado pelo Taleban em 1996. A ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece como legítimo o governo afegão representando por Abdullah.
Segundo Abdullah, foram conquistadas as pequenas cidades de Shulgar e Lawlash, pontos que permitiriam lançar uma ofensiva em breve contra Mazar-i-Sharif, uma estratégica cidade no norte do Afeganistão que já pertenceu aos rebeldes e agora está sob controle do Taleban.
"É uma grande vitória que, em três dias, uma grande área tenha sido tomada e muitos soldados do Taleban tenham sido mortos", disse Abdullah.
Movimentações militares dos EUA nos países que têm fronteira com o norte do Afeganistão, como o Uzbequistão e o Tadjiquistão, deverão permitir um reforço das posições da Aliança do Norte. Os guerrilheiros que se opõem ao Taleban esperam receber ajuda militar americana.
As ações que culminaram nas conquistas divulgadas ontem pela Aliança Norte teriam sido planejadas antes dos atentados de 11 de setembro a Nova York e Washington. Os rebeldes pretendem argumentar com os Estados Unidos que, se quiserem derrotar o regime do Taleban, terão de se aliar a eles, os únicos que combatem em território afegão.

Posicionamento
Os Estados Unidos estão posicionando seu contingente em várias partes do mundo, e não apenas ao redor do Afeganistão, afirmou o secretário da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld.
Segundo o funcionário dos EUA, a ação norte-americana não será focada somente no Afeganistão. "Esse é um problema mundial, pois envolve amplas rede de terroristas", disse.
Rumsfeld acrescentou que a organização de Bin Laden, a Al Qaeda, opera em pelo menos 60 países e, além disso, não é a única existente no mundo.
Segundo o secretário da Defesa, essa não será uma operação militar rápida. Tampouco será apenas militar. Haverá esforços diplomáticos e financeiros em diversos países.
A mobilização militar norte-americana é maior desde a Guerra do Golfo, em 1991.


Com agências internacionais

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