|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Índices definem rumo da Bolsa de NY
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Depois de passar pela sua pior
semana desde 1933, a Bolsa de Valores de Nova York reabre hoje
numa conjuntura de incerteza tão
grande quanto a da última segunda-feira.
No dia 17, os mercados voltaram a funcionar pela primeira vez
depois dos atentados terroristas
do dia 11. Apesar da queda recorde de 1.369,70 pontos (14,26%)
em cinco dias, com o índice Dow
Jones fechando em 8.235,81 pontos, muitos operadores sentiram
até um pouco de alívio.
O desastre poderia ter sido
maior se não fosse a ação governamental coordenada pelo presidente George W. Bush. Além de o
Congresso norte-americano ter
aprovado um pacote de ajuda a
companhias aéreas no valor inicial de US$ 15 bilhões, o Federal
Reserve (banco central dos Estados Unidos) reduziu os juros para
3% ao ano. Outras autoridades
monetárias de países ricos seguiram o Federal Reserve e derrubaram suas taxas. O mercado foi
inundado de dólares para que não
faltasse dinheiro.
A razão da forte queda nos mercados é a incerteza sobre a economia e os efeitos do conflito bélico
anunciado por Bush.
Por mais paradoxal que pareça,
um ataque militar poderia nos
próximos dias ou horas eventualmente fazer os mercados recobrar
a confiança.
A lógica dos investidores é simples: enquanto não começa o conflito, ninguém sabe o que pode
acontecer e todos apostam no
pior. Com algum ataque, que possivelmente será concentrado no
Afeganistão, passaria a haver algum consenso sobre a limitação
dos efeitos sobre a economia.
Nesse caso, os preços dos papéis
parariam de cair ou até subiriam.
Como não há possibilidade de
prever a data do primeiro ataque,
a especulação no mercado deve
continuar nesta semana. Para
piorar as coisas, será um período
concentrado de novos indicadores, mostrando a fragilidade da
economia dos EUA.
Consumo e PIB
Amanhã é um dia importante:
será divulgado o índice de confiança dos consumidores norte-americanos, resultado de pesquisa mensal do Conference Board,
um instituto de Nova York.
O levantamento é realizado em
cerca de 5.000 domicílios do país.
Trata-se de um dos mais abrangentes e confiáveis indicadores
sobre o humor econômico dos
norte-americanos, num país em
que o consumo responde por dois
terços do PIB (Produto Interno
Bruto, soma de todas as riquezas
produzidas em um ano).
O índice de confiança do consumidor já terá captado o efeito dos
atentados do dia 11. Na semana
passada, o Conference Board havia divulgado uma espécie de preliminar do que pode ser o número
de amanhã. Cerca de metade dos
norte-americanos acredita que as
ações terroristas empurrarão o
país para uma recessão.
Preocupado, o presidente George W. Bush fez um pronunciamento no sábado dizendo que a
economia foi atingida, mas que
vai se recuperar. O discurso foi
apenas retórico, pois Bush não
apresentou nenhuma medida que
esteja para tomar no sentido de
revitalizar os negócios do país.
Outro dado relevante é o número revisado do PIB norte-americano para o segundo trimestre. A
taxa já divulgada foi de 0,2% de
crescimento (anualizado). É possível que esse percentual seja agora, com o novo cálculo, jogado
um pouco mais para baixo. A cifra definitiva sai na sexta-feira.
Texto Anterior: Para economistas, controle é retrocesso Próximo Texto: EUA levam serviço secreto para SP Índice
|