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PAULISTANOS
Santana/ Limão
Preferido, Horto não é freqüentado
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles recorrem ao shopping
quando querem se divertir. E deixam de lado o parque que consideram um orgulho para a cidade:
o Horto Florestal, repleto de pinheiros e limpo, cheio de bicas de
água -e não muito longe dali.
Entre os moradores de Santana,
Casa Verde e Limão, 68% procuram os shopping centers nas horas de lazer -na região fica um
dos maiores centros de compra
da América Latina, o Center Norte. E 57% buscam os parques.
Há poucas áreas verdes nos três
distritos. Um dos principais locais
públicos da região é o Campo de
Marte, que fica fechado e só é usado para alguns eventos.
Talvez por isso os habitantes tenham eleito o Horto, um dos parques mais próximos de suas casas,
um dos lugares mais bonitos da
cidade -só perde para o parque
Ibirapuera, na zona sul de São
Paulo -, segundo o levantamento do Datafolha.
O parque tão elogiado, no entanto, não é muito procurado.
Seus 174 hectares recebem 60 mil
usuários por mês, quando poderiam ser 80 mil, segundo a direção
da unidade. "O problema é a rotina, o sedentarismo do paulistano.
Ele não reserva tempo para cuidar
do seu próprio bem-estar", afirma Ana Lúcia Arromba, diretora
do Horto, sobre o baixo número
de visitantes.
Pode ser verdade. Em São Paulo, 56% das pessoas dizem não
praticar atividade física -o sedentarismo é um pouco menor
em Santana, Casa Verde e Limão,
de 51%.
Abandono e recuperação
Freqüentadores dizem que há
alguns anos o abandono do Horto
poderia justificar o baixo número
de visitantes. Os lagos estavam
imundos, os peixes tinham morrido. Havia esgoto a céu aberto e
até boatos de desaparecimentos
de pessoas no local.
Hoje há seguranças circulando
pelo parque, lagos límpidos, com
pedalinhos novos, passeios livres
até de folhas. Até o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) aparece
com freqüência para caminhadas
-fica na área do Horto Florestal,
de administração estadual, a sua
"residência de verão".
Para a professora Maria Rosa
Dutra, 54, que costuma caminhar
no local com a filha todos os dias,
a pressão da sociedade de amigos
do parque foi o que fez diferença.
"Houve contenção de verbas, e
eles se organizaram."
Arromba diz que espera que,
com a instalação de novos equipamentos -está prevista a instalação de mais banheiros e quadras-, haja um incremento no
número de visitantes.
O local faz 108 anos no próximo
mês. Albert Löefgren, naturalista
sueco que dá o "nome oficial" do
parque, foi o seu primeiro diretor.
O Horto nasceu como lugar para
experimentos para a produção de
espécies e gêneros de plantas, para reposição. E tenta manter essa
vocação até hoje, fornecendo mudas para todo o Estado.
Orgulho
Os habitantes da região de Santana, Limão e Casa Verde são alguns dos que se sentem mais "orgulhosos" de viver em São Paulo:
88% dizem ter mais orgulho que
vergonha da capital paulista, acima da média do município, de
83%, apontou a pesquisa.
Além de terem elogiado as áreas
verdes, elencam entre as vantagens de se viver em São Paulo o fato de encontrarem na capital tudo
de que precisam (23%, contra
16% da média do município).
A principal vantagem, dizem os
moradores, é maior oportunidade de trabalho e emprego.
Para eles, a principal desvantagem de morar na cidade é a insegurança.
A maioria disse estar "um pouco satisfeito" em morar em São
Paulo (51%). A média do município foi de 46%.
O fato de os moradores viverem
bem -a nota média para a casa
onde moram foi 8, também acima
da média da cidade- talvez também explique o grau de contentamento com São Paulo.
(FABIANE LEITE)
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