São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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ESTRATÉGIA
Diretores do banco brasileiro estão registrados como acionistas
Bozano cria 5 empresas para disputar a Telebrás

ELVIRA LOBATO
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O Banco Bozano, Simonsen constituiu cinco empresas para disputar o leilão de privatização do Sistema Telebrás, que acontecerá na próxima quarta-feira, dia 29, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
O Bozano pode estar concentrando as empresas nacionais que, segundo o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, irão surpreender no leilão na semana que vem (leia texto na página ao lado).
Em pesquisa na Junta Comercial do Rio de Janeiro, a Folha constatou que as empresas Argentum, Coliseu, Genova, Milano e Perigeu S/A estão registradas em nome de diretores do Bozano.
O banco inscreveu as cinco empresas para o leilão na última quarta-feira. Os dados disponíveis na Junta mostram que o processo foi feito em cima da hora.
Todas tiveram o registro aprovado na véspera do encerramento do prazo para entrega dos documentos na Câmara de Liquidação e Custódia da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
O Bozano, Simonsen disse que não dará declaração sobre seus planos em relação à compra da Telebrás antes do leilão.
A criação de empresas novas é uma tática usual dos grandes compradores para se manterem incógnitos para atuarem em um leilão e não aguçar a concorrência, o que elevaria o ágio.
Os registros da Junta Comercial revelam mais uma face da estratégia dos italianos para o leilão: na semana passada, a Stet -braço da Italia Telecom para o mercado internacional- passou a fazer parte da desconhecida Solpart Participações.
A Solpart foi constituída pelo Banco Opportunity para representar o interesse de clientes internacionais no país.
A documentação da Junta confirma, portanto, que os italianos vão disputar o leilão com mais de um consórcio, uma vez que eles também fecharam parceria com as Organizações Globo e com o Bradesco.
O Banco Pactual também criou uma empresa de nome exótico -Romanof S/A- nos últimos dias para participar do leilão. Nesse caso, porém, é o próprio presidente do Pactual, Luiz Cezar Fernandes, que aparece como acionista da nova empresa.

Bloco espanhol
O bloco espanhol, liderado pela Telefónica de España, é maior do que se imaginava e reúne 13 empresas.
A Telepart e a Guaraniana S/A também integram o bloco, que tem como sócio nacional o grupo gaúcho de comunicação RBS, da família Sirotsky.
A Telefónica -que já controla a telefônica CRT, do Rio Grande do Sul, em sociedade com a RBS, a Portugal Telecom e a espanhola Iberdrola- é apontada como um dos competidores mais fortes desse leilão.
Seu alvo principal é a empresa de telefonia fixa Tele Centro Sul, mas também disputará empresas de telefonia celular.
A empreiteira mineira Cowan -que se apresentou com o nome Vectra Empreendimento e Participações- disse ontem que concorrerá sozinha e fará propostas para oito empresas de telefonia celular.
Segundo informações de mercado, a Macal Investimentos e Participações iria para o leilão em parceria com a telefônica mexicana Telmex, privatizada em 1990.
É que a Macal pertence ao empresário Antônio Dias Leite Neto, sócio da Metrophone (telefonia móvel empresarial), de São Paulo. O grupo mexicano Carso, principal acionista da Telmex, também integra o quadro de acionistas da Metrophone, juntamente com Credit Suisse First Boston (ex-Garantia).

Outros acionistas
Fariam parte também deste consórcio dois outros acionistas da Telmex: a France Telecom e a norte-americana SouthWestern Bell, que se apresentaram para a pré-qualificação na Bolsa do Rio. Procuradas, as empresas se negaram a comentar o assunto.
Doze representantes de potenciais compradores do Sistema Telebrás, pelo menos, apareceram ontem na Bolsa do Rio para entregar documentos que faltavam ou a composição final do consórcio que formaram.
Nomes até então incógnitos na lista dos pré-qualificados ao leilão, divulgada anteontem pela CLC, começam a emergir como fortes candidatos ao negócio.
A Aeroreley Communications and Enterprises foi montada para a privatização das 12 holdings.
Tem como sócios empresas da área de telecomunicações do mercado norte-americano e está disposta a entrar, sozinha, na telefonia fixa e móvel, segundo o advogado que a representa no Brasil, Eduardo Alfred Taleb Boulos.

Prazo ampliado
O prazo para a entrega dos papéis, que expirava às 16h, foi prorrogado por mais duas horas.
Faltando poucos minutos para as 18h, representantes dos bancos Opportunity, FonteCindam e Fator chegaram afobados ao prédio da Bolsa do Rio.
A Italia Telecom também registrou novas empresas na última semana para participar do leilão (Bittel e Bluetel). Somadas às duas Stet internacionais e à Solpart, sobe para cinco o número de empresas que poderão representar os italianos no leilão.
Executivos da France Telecom foram buscar suas credenciais para circular livremente pela Bolsa, onde estão com sala reservada.
O Banco Fator, dono da Mercosur, que aparece como uma das interessadas na lista dos pré-qualificados, também representa a 821 Telecomunicações, composta por fundos de pensão e bancos.



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