São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Para Mendonça de Barros, profissionais da Telebrás são atrativo
Telefonia fixa ficará com brasileiros, diz ministro

ANTONIO CARLOS SEIDL
enviado especial a Salvador

Um alto percentual de participação de grupos nacionais na compra das quatro empresas de telefonia fixa da Telebrás (Telesp, Tele Centro Sul, Tele Norte Leste e Embratel) será a grande surpresa do leilão de privatização do sistema de telecomunicações do país, marcado para quarta, dia 29, às 10h, na Bolsa de Valores do Rio.
Isso foi o que disse o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações), ontem, durante visita à Telebahia, em Salvador. O ministro afirmou que o leilão irá adiante conforme o previsto devido à "surpreendente fragilidade do movimento de oposição".
Para ele, uma alta presença nacional entre os vencedores do leilão é "uma boa notícia" porque significaria a criação de empresas brasileiras de telecomunicações, o que, disse, nunca foi possível por causa do monopólio estatal.
"Acredito, inclusive, que empresas de telefonia fixa vão ser compradas somente por grupos nacionais, sem a participação de operadores estrangeiros", disse.
Isso acontecerá, declarou, porque os grupos nacionais sabem que os melhores operadores estão entre os profissionais da Telebrás. "Precisamos pegar essa capacidade técnica e gerencial do pessoal da Telebrás, tirar as amarras legais e adotar uma administração de cobrança de resultados."
Barros disse que o governo está preparado para caçar liminares na manhã do leilão. "Mas não tem nada de fantasioso como um exército de advogados. É um trabalho normal e corriqueiro ao qual se agregou a atenção de verificar se há liminares ou processos."
Lançando farpas em direção ao PT, Barros vê uma "fragilidade da batalha judicial da oposição". "Estou surpreso com a fragilidade do movimento da oposição em relação à privatização da Telebrás." Segundo ele, isso acontece porque a sociedade não estaria mobilizada para tanto: "Ao contrário, a sociedade quer resolver esse problema da concentração de renda na telefonia".
"Os líderes da oposição tentaram fazer da privatização da Telebrás sua grande mobilização popular com fins eleitoreiros, mas deram com os burros n'água ou, como como se diz em Minas Gerais, enfiaram a viola no saco."
Ele criticou a "insistência do PT" em afirmar que o ex-ministro Sérgio Motta, morto em abril, tenha dito que o governo arrecadaria cerca de R$ 100 bilhões com a privatização da Telebrás.
"Isso era uma estimativa do valor total da Telebrás. O ministro Sérgio Motta disse à Folha, em 22 de dezembro de 96, que, desse total, o governo arrecadaria R$ 15 bilhões, que é o que efetivamente vamos arrecadar, correspondente a participação média do Tesouro de R$ 14,5 bilhões, mais o ágio."
Para ele, a afirmação do PT é populista e usa uma "técnica nazista" -a de lançar uma mentira, passando a repeti-la sem parar.



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