São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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NO MUNDO
Concorrência amplia a oferta de telefones

dos correspondentes

Nem todos os países que decidiram abrir seus mercados de telecomunicações optaram pela privatização das estatais do setor.
O Japão, por exemplo, quebrou o monopólio há 13 anos, mas o Estado ainda controla as duas estatais de telecomunicações. A França mantém até hoje a estatal da France Telecom, mas a empresa enfrenta a concorrência privada.
O efeito mais evidente da quebra do monopólio ou da privatização é o aumento da oferta de telefones. O número de telefones celulares na França cresceu 387% desde maio de 96, quando houve quebra do monopólio, passando a marca de 7,8 milhões no mês passado.
Outros países escolheram vender suas empresas de telefonia à iniciativa privada. No Reino Unido, as tarifas caíram, em média, 59% desde que a British Telecom foi privatizada, em 1984. De 1984 a 1996, o percentual da população atendida pela telefonia básica passou de 78% para 93% em 96.
Em compensação, na Argentina, as chamadas locais ficaram 30% mais caras do que eram antes da privatização, realizada em 1990.
Nos Estados Unidos, nunca houve empresa estatal de telefonia. Apesar disso, havia uma espécie de monopólio privado, controlado pela AT&T até 1984, quando a empresa teve de transferir a telefonia local para outras operadoras. A AT&T ficou só com as chamadas de longa distância, onde também passou a haver concorrência.

Estados Unidos
Hoje, as empresas de telefonia dos EUA disputam arduamente a preferência do consumidor. A principal arma são as promoções.
Algumas empresas chegam a enviar pelo Correio um cheque com valor entre US$ 50 e US$ 100. Ao depositar o cheque, o consumidor automaticamente se torna cliente da empresa. Mas ele pode negociar vantagens com sua operadora para não mudar de empresa.
As promoções também abrangem os preços das tarifas. Por isso é praticamente impossível dizer qual é o melhor plano ou a melhor companhia. Cada uma delas tem preço melhor que a outra em uma determinada categoria, e tudo muda muito rápido. O melhor preço hoje com certeza não o será mais daqui a uma semana.

Japão
No Japão, aparelhos celulares são distribuídos gratuitamente por camelôs nas ruas de qualquer cidade do país. Quem quiser ter um, mostra o documento de identidade e o extrato bancário e sai falando depois de 30 minutos.
Na batalha pelo mercado, as companhias telefônicas que operam celulares pagam incentivos de cerca de US$ 250 aos intermediários para cada aparelho vendido. O difícil hoje é encontrar comprador: em abril passado, 39 milhões de celulares estavam em funcionamento. É como se um em cada três japoneses tivesse um aparelho.
O retorno das empresas vem das tarifas, cerca de 100% mais caras que as cobradas nos EUA. Quem compra ou ganha o celular de uma companhia é obrigado a fazer as ligações por essa mesma empresa.

Argentina
Duas empresas dividiram os mercados da Argentina e de Buenos Aires na privatização. A Telefónica de España ficou com o norte da Argentina e da capital, e a Telecom (consórcio formado pela France Telecom e Italia Telecom) com o sul do país e da capital.
Não há concorrência. Os habitantes de uma zona não podem optar pela outra operadora.
As operadoras privadas ampliaram o sistema de 3 milhões de linhas telefônicas para 7 milhões. O tempo de espera e o preço para instalação de linhas caíram. O telefone, que demorava anos para chegar à casa dos consumidores, hoje demora no máximo três dias após o pedido. O preço de uma linha é de US$ 250, mas os descontos podem reduzi-lo a US$ 150.

Reino Unido
A BT (British Telecom) opera, hoje, 88,6% do total de linhas conectadas no país. Sua principal concorrente é a Cable & Wireless, dona da Mercury, que entrou em operação em 1983.
Até 1991, com a política do duopólio pós-privatização, apenas duas empresas tinham licenças para operar em cada região do Reino Unido. Na maioria dos casos a BT concorria com uma empresa de TV a cabo, que também oferecia serviço de telefonia.
Com a liberação total do mercado, em 1991, dezenas de outras companhias passaram a operar no país. Muitas delas alugam a rede física da BT: nesses casos, os usuários recebem uma senha, com a qual podem acionar o serviço de seu telefone residencial.

França
Mais de sete meses após a abertura de seu mercado de telefonia fixa, a França ainda vive sob um virtual monopólio da France Telecom, empresa estatal que, até janeiro deste ano, era a única operadora autorizada a atuar no país.
Desde então, algumas empresas já lançaram novos serviços no setor, mas limitados aos mercados de chamadas de média e longa distância, oferecendo descontos em relação aos preços da estatal.
A Autoridade de Regulação das Telecomunicações, órgão que rege o setor desde janeiro de 1997, já emitiu 25 licenças para empresas que vão operar com telefonia fixa.
Na telefonia celular, há mais opções: France Telecom, Cegetel e Bouygues Telecom oferecem o serviço. Os preços não são altos: o gasto inicial fica em US$ 100.



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