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TRE não foi informado sobre cadastramento
DA SUCURSAL DO RIO
A utilização eleitoral do Programa Bolsa-Família, do governo federal, na cidade de São Francisco
de Itabapoana (a 350 km do Rio)
teve ontem mais um indício, com
a suspeita de que, ao contrário do
que anunciara a prefeitura, o TRE
(Tribunal Regional Eleitoral) não
foi informado com antecedência
sobre o cadastramento de famílias carentes candidatas a receber
o benefício.
O documento apresentado pela
prefeitura na segunda-feira como
prova de que a Justiça Eleitoral sabia do credenciamento desde a
quinta-feira anterior (dia 16) não
consta no livro de protocolo da
130ª zona eleitoral, que funciona
no município.
A prefeitura realizou o cadastramento entre os dias 14 e 17. Distribuiu cerca de 2.000 senhas, mas só
900 famílias conseguiram entregar os documentos exigidos, entre
eles o título de eleitor.
O prefeito Pedro Cherene
(PMDB) é candidato à reeleição,
apoiado pela governadora Rosinha Matheus (PMDB) e por seu
marido, o ex-governador Anthony Garotinho, que, no mês
passado, participou de carreata e
comício com Cherene.
Com a suspeita de que Cherene
usava o Bolsa-Família para conseguir votos, o Ministério do Desenvolvimento Social suspendeu o
cadastramento e enviou uma
equipe a São Francisco de Itabapoana. A equipe ficou três dias na
cidade para investigar a concessão do benefício.
O relatório do caso deve ficar
pronto na semana que vem.
Sem registro
Como defesa, Cherene disse que
o cadastramento para o Bolsa-Família não teve fins eleitorais porque o TRE havia sido informado
do cadastramento.
Só que o ofício apresentado pela
prefeitura -com a assinatura da
secretária de Educação, Kátia dos
Santos- nunca chegou ao cartório da zona.
O carimbo do cartório mostra
que o documento foi protocolado
com o número 1.186/04.
No livro de protocolos, o número é referente a ofício apresentado
no dia 16 pela coligação que apóia
Cherene. Ou seja: o documento
da prefeitura foi carimbado, mas
não chegou ao TRE.
Com base na descoberta, o candidato Leonardo Terra (PTB) pedirá ao TRE a cassação da candidatura do prefeito.
O juiz Elias Neto já havia negado um pedido similar apresentado por Terra quando houve a suspeita do uso eleitoral do Bolsa-Família. O juiz alegou que a prefeitura avisara sobre o cadastramento.
"Induziram o juiz a erro. Vamos
insistir na cassação da candidatura do prefeito", disse ele.
A Secretaria Estadual de Educação divulgou nota em que nega
relação com o Bolsa-Família.
Afirma que sindicância interna
constatou iniciativas de servidoras públicas estaduais num "espírito de cooperação".
A Folha não conseguiu ouvir o
prefeito, que estaria em campanha na área rural da cidade.
(SÉRGIO TORRES)
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