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APOSENTADORIA
Empresas de previdência privada diversificam opções de olho em investidores mais jovens e disciplinados
Vantagem de plano está em começar cedo
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
É nessa época que eles miram
no Leão. Com o 13 salário em
mãos e de olho na redução da
mordida do bicho, investidores,
num volume duas vezes e meia
maior que o do resto do ano, acabam abatendo o que financistas
chamam de "custo da espera".
Esse é o preço que o futuro aposentado vai pagar a mais se demorar a dar início à poupança para
quando não estiver mais na ativa.
"Deixar para depois significa fazer maiores aplicações mensais e
ter menores vantagens dos juros
sobre juros", diz William Eid Júnior, da Fundação Getúlio Vargas
e autor de livros sobre finanças.
Eid ilustra o custo da espera: para uma aposentadoria mensal de
R$ 5 mil, você terá que aplicar R$
143 por mês, se tiver 30 anos para
poupar. Se esperar 20 anos para
começar a investir, serão apenas
dez anos de poupança, com aplicações mensais de R$ 2.173.
Seguradoras observam que a
clientela está ficando mais para
formiga que para cigarra e cada
vez menos deixa para depois.
"Em 1996, nosso público-alvo
era de 36 a 40 anos de idade. Hoje
a maioria tem até 30 anos, diz o
diretor da Itaú Vida e Previdência, Oswaldo Nascimento.
"As pessoas percebem que
quanto maior a renda na ativa,
menos coberta ela será pelo INSS
(Instituto Nacional de Seguridade
Social)", diz a consultora financeira Márcia Dessen.
O máximo que alguém pode receber do INSS é R$ 1.430 por mês,
cerca de sete salários mínimos.
O PGBL (Plano de Gerador de
Benefício Livre) e o FAPI (Fundo
de Aposentadoria Programada
Individual) permitem diferir
(adiar) o pagamento do imposto
de renda do valor depositado, até
o limite de 12% da renda bruta tributável de seus investidores.
Garantir o futuro e ainda amansar o leão é o que todo mundo
quer. Mas o benefício fiscal que
planos de previdência possibilitam não é para todos.
Se você não é assalariado, declara renda no formulário simplificado ou quer aplicar além do limite dos 12%, não haverá vantagem
fiscal e o PGBL não é para você.
O mais indicado seria partir para outro investimento ou contratar um VGBL (Vida Gerador de
Benefícios Livres).
Nesse novo plano -diferentemente do PGBL em que todo o valor é tributado em até 27,5%- a
vantagem é que você só paga imposto sobre o ganho de capital.
Por isso, são produtos para ficarem por longo tempo com você. O
benefício fiscal é anulado se o investidor retirar em curto prazo o
dinheiro que aplicou. Não conseguirá bater a rentabilidade dos
fundos de investimentos financeiros e se distanciará do montante
que pretendia acumular.
"Se era para sacar, um fundo de
investimento comum seria mais
barato", completa Dessen.
A procura por planos do tipo
PGBL cresce nessa época porque
o fim de dezembro é a última
oportunidade de investir o imposto de renda deste ano.
No PGBL, depois da fase de investimentos no fundo à sua escolha (renda fixa, cambial etc.), o
cliente troca o que acumulou por
um benefício de renda, também
estipulado por ele (vitalício, temporário, reversível a beneficiário).
"O risco dele é a seguradora
quebrar -ou morrer cedo. E o
risco da seguradora é o cliente viver muito", diz Dessen.
Na hora de contratar um plano,
consultores são unânimes: o mais
importante é considerar a solidez
da instituição, a rentabilidade e as
taxas cobradas.
Para valores menores, a economia de IR com o PGBL só dá ganhos maiores que os de fundos de
investimento se a taxa de gestão
for baixa, segundo Ricardo Leal,
do Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Qualquer meio "porcentinho" a menos
vale a pena", afirma.
E atenção aos juros usados pela
seguradora para estimar a renda.
Como é no longo prazo, acima de
6%, o cálculo pode induzir a erro e
o cliente achar que precisa aplicar
menos dinheiro e que em menos
tempo acumulará o valor da aposentadoria que pretende.
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