São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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APOSENTADORIA

Empresas de previdência privada diversificam opções de olho em investidores mais jovens e disciplinados

Vantagem de plano está em começar cedo

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

É nessa época que eles miram no Leão. Com o 13 salário em mãos e de olho na redução da mordida do bicho, investidores, num volume duas vezes e meia maior que o do resto do ano, acabam abatendo o que financistas chamam de "custo da espera".
Esse é o preço que o futuro aposentado vai pagar a mais se demorar a dar início à poupança para quando não estiver mais na ativa.
"Deixar para depois significa fazer maiores aplicações mensais e ter menores vantagens dos juros sobre juros", diz William Eid Júnior, da Fundação Getúlio Vargas e autor de livros sobre finanças.
Eid ilustra o custo da espera: para uma aposentadoria mensal de R$ 5 mil, você terá que aplicar R$ 143 por mês, se tiver 30 anos para poupar. Se esperar 20 anos para começar a investir, serão apenas dez anos de poupança, com aplicações mensais de R$ 2.173.
Seguradoras observam que a clientela está ficando mais para formiga que para cigarra e cada vez menos deixa para depois.
"Em 1996, nosso público-alvo era de 36 a 40 anos de idade. Hoje a maioria tem até 30 anos, diz o diretor da Itaú Vida e Previdência, Oswaldo Nascimento.
"As pessoas percebem que quanto maior a renda na ativa, menos coberta ela será pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social)", diz a consultora financeira Márcia Dessen.
O máximo que alguém pode receber do INSS é R$ 1.430 por mês, cerca de sete salários mínimos.
O PGBL (Plano de Gerador de Benefício Livre) e o FAPI (Fundo de Aposentadoria Programada Individual) permitem diferir (adiar) o pagamento do imposto de renda do valor depositado, até o limite de 12% da renda bruta tributável de seus investidores.
Garantir o futuro e ainda amansar o leão é o que todo mundo quer. Mas o benefício fiscal que planos de previdência possibilitam não é para todos.
Se você não é assalariado, declara renda no formulário simplificado ou quer aplicar além do limite dos 12%, não haverá vantagem fiscal e o PGBL não é para você.
O mais indicado seria partir para outro investimento ou contratar um VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres).
Nesse novo plano -diferentemente do PGBL em que todo o valor é tributado em até 27,5%- a vantagem é que você só paga imposto sobre o ganho de capital.
Por isso, são produtos para ficarem por longo tempo com você. O benefício fiscal é anulado se o investidor retirar em curto prazo o dinheiro que aplicou. Não conseguirá bater a rentabilidade dos fundos de investimentos financeiros e se distanciará do montante que pretendia acumular.
"Se era para sacar, um fundo de investimento comum seria mais barato", completa Dessen.
A procura por planos do tipo PGBL cresce nessa época porque o fim de dezembro é a última oportunidade de investir o imposto de renda deste ano.
No PGBL, depois da fase de investimentos no fundo à sua escolha (renda fixa, cambial etc.), o cliente troca o que acumulou por um benefício de renda, também estipulado por ele (vitalício, temporário, reversível a beneficiário).
"O risco dele é a seguradora quebrar -ou morrer cedo. E o risco da seguradora é o cliente viver muito", diz Dessen.
Na hora de contratar um plano, consultores são unânimes: o mais importante é considerar a solidez da instituição, a rentabilidade e as taxas cobradas.
Para valores menores, a economia de IR com o PGBL só dá ganhos maiores que os de fundos de investimento se a taxa de gestão for baixa, segundo Ricardo Leal, do Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Qualquer meio "porcentinho" a menos vale a pena", afirma.
E atenção aos juros usados pela seguradora para estimar a renda. Como é no longo prazo, acima de 6%, o cálculo pode induzir a erro e o cliente achar que precisa aplicar menos dinheiro e que em menos tempo acumulará o valor da aposentadoria que pretende.


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